A Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP) divulgou esta sexta-feira nove soluções para inverter a falta de trabalhadores no turismo, onde defende que o valor da retribuição “deverá ter sempre em consideração” ganhos de produtividade.

No comunicado, “a AHRESP apela desde já a que as medidas de apoio a serem lançadas no próximo mês [pelo Governo] atendam às adversidades que se anteveem” para o setor, “que ainda não recuperou da pandemia (nem se espera que tal venha a suceder ainda em 2022)”, considerando que as empresas do setor “não podem ficar esquecidas e devem ser contempladas nas medidas que venham a ser disponibilizadas”.

Além disso, enumera nove soluções para atrair trabalhadores para o setor.

Se a agilização dos vistos para os imigrantes oriundos da Comunidade de Países de Língua Portuguesa é de saudar, a AHRESP enumera outras medidas ainda à espera de serem acolhidas pelo Governo e pelos operadores”, sublinha a associação.

A AHRESP propõe que “o valor da retribuição deverá ter sempre em consideração os ganhos de produtividade, fruto do desempenho individual do trabalhador, mas também do desempenho coletivo ao nível de toda a estrutura empregadora”, nas soluções apresentadas.

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Além disso, “as empresas do alojamento turístico e da restauração e bebidas devem procurar empreender estratégias criativas para atrair e reter profissionais, que devem ir além da retribuição e que podem passar por sistemas de avaliação, práticas de reconhecimento, garantias de progressão na carreira e uma melhor conciliação entre vida profissional e vida familiar”, prossegue.

Entre as soluções propostas está a “criação de um ambiente mais favorável ao funcionamento das empresas, nomeadamente por via da redução de encargos fiscais, em particular aqueles diretamente relacionados com o trabalho”, e “uma melhor e mais adequada gestão da organização do tempo de trabalho”, que “é um fator que gera maior produtividade, o que aumenta a disponibilidade financeira para que as empresas possam proporcionar melhores condições de trabalho”, adianta a AHRESP.

Por outro lado, devem ser promovidas “iniciativas e mecanismos ao nível da dignificação e da valorização das profissões, para o que pode contribuir uma redenominação das categorias profissionais e uma adequação dos seus conteúdos funcionais, por forma a adequá-los à realidade atual e às exigências das nossas atividades”.

A AHRESP defende ser “urgente uma aposta séria e estruturada na qualificação dos trabalhadores do turismo, promovendo-se um sistema de ensino dual, complementando a aprendizagem com a experiência prática”, propondo ainda o desenvolvimento e aplicação de um programa de formação de início de carreira, “de curta duração, para as categorias profissionais mais carentes de mão-de-obra qualificada e que, desta forma, facilitem o acesso à profissão”.

Estas formações, acrescenta, “devem ser divulgadas e promovidas junto de desempregados e de ativos de outras áreas de atividade que desejem iniciar uma carreira nas empresas de alojamento turístico e de restauração e bebidas”.

Além disso, “a imigração pode e deve ser encarada como fazendo parte da solução, desde que de forma organizada e com garantia de condições dignas, de trabalho e de vida”, sendo que, “para isso, o poder público deverá ainda rever os atuais mecanismos de legalização para trabalhadores por conta de outrem e de reconhecimento de habilitações, que devem ser agilizados”, aponta a AHRESP.

Por último, propõe a elaboração de um Livro Verde do Mercado do Trabalho HORECA [Hotéis, Restaurantes e Cafés], “para, de forma clara e precisa, se identificar as atuais carências do mercado, quer em termos de quantidade de recursos humanos, quer em termos da sua qualificação, pois só desta forma é possível preparar as melhores e mais adequadas soluções”.

A AHRESP salienta que, apesar de a atividade turística apresentar um desempenho positivo este verão, o final da época alta “vai trazer novos desafios”.

Ou seja, “com a maioria das empresas ainda em recuperação dos impactos de dois anos de pandemia, o contexto inflacionista e a subida das taxas de juro irão provocar uma perda acrescida do poder de compra das famílias” e “este é um fator de extrema relevância para a atividade nos diversos setores representados na AHRESP”, sublinha a associação.