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Hadi Matar saltou para o palco momentos antes de Salman Rushdie começar a discursar na Chautauqua Institution, em Nova Iorque, e esfaqueou o escritor britânico mais de uma dezena de vezes, tendo atingido o pescoço e o abdómen do autor de “Os Versículos Satânicos”. O jovem de 24 anos, residente em Nova Jérsia foi inicialmente parado por outros participantes no encontro e depois detido pelas autoridades, encontrando-se de momento numa esquadra em Jamestown, perto do local do ataque.

Em conferência de imprensa realizada ao final da tarde desta sexta-feira (hora local), a polícia de Nova Iorque disse acreditar que o atacante agiu sozinho, mas que ainda não são conhecidas as motivações para o esfaqueamento – a investigação junta as autoridades locais e o FBI. Foi ainda explicado que Matar tinha um bilhete para entrar no evento e que se deslocou ao mesmo sem companhia.

A polícia deslocou uma unidade anti-bombas para o local e aguarda um mandado de busca para poder analisar a zona do crime, sendo que foi garantindo que não havia conhecimento de qualquer ameaça anterior ao evento desta sexta-feira.

Salman Rushdie esfaqueado no pescoço num evento em Nova Iorque. Suspeito do ataque tem 24 anos e é Nova Jérsia

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O autor de “Os Versículos Satânicos”, livro publicado em 1988, foi alvo de uma condenação à morte pelo líder do Irão, aiatola Ruhollah Khomeini, um ano depois da publicação, sob a acusação de se tratar de uma obra blasfema para os crentes muçulmanos. A decisão levou Salman Rushdie a viver em parte incerta, sob proteção policial, e a fátua decretada pelo líder iraniano, com a promessa de uma recompensa de três milhões de dólares para quem assassinasse o escritor, acabou por estar na origem do corte de relações diplomáticas entre o Reino Unido e o Irão. O governo do Irão há muito que se distanciou do decreto de Khomeini, mas o sentimento anti-Rushdie permanece.

Em 2012, uma fundação religiosa iraniana aumentou a recompensa pelo assassinato de Rushdie para 3,3 milhões de dólares. Rushdie desvalorizou a ameaça na altura, dizendo que não havia “nenhuma prova” de que as pessoas estivessem interessadas na recompensa. Nesse ano, o escritor publicou o livro de memórias “Joseph Anton – Uma Memória”, sobre a fátua.

Autor de cerca de duas dezenas de títulos, Rushdie recebeu o prémio Booker em 1981 por “Os Filhos da Meia-Noite”, também distinguido com o Booker of Bookers, em 1993, e, em 2008, o Best of the Booker. “O Último Suspiro do Mouro” valeu-lhe o prémio Withbread, em 1995, e o Prémio Literatura da União Europeia, em 1996.