Nas três secções regionais da Ordem dos Médicos mais de mil profissionais já assinaram escusas de responsabilidade. Desde o início de 2022 e até esta semana deram entrada quase 900 declarações, mas o número poderá ser muito maior.

O Diário de Notícias avança esta sexta-feira que 347 dessas queixas foram assinadas por 562 médicos de unidades hospitalares e de cuidados primários da secção do Sul e Ilhas. Na secção do Norte deram entrada 237 escusas de responsabilidade e na secção do Centro 230.

A secção do Norte e a do Centro disponibilizaram apenas o número de declarações entregues e não quantos médicos as assinaram. Ainda assim, somados os números é possível perceber que as queixas foram subscritas por 467 profissionais. Desta forma, no mínimo, 1.029 médicos de 45 instituições já assinaram escusas de responsabilidade.

Porém, o bastonário da Ordem dos Médicos acredita que “este número deve ser muito superior” e confirma que as declarações que chegaram ao longo deste ano “aumentaram muito significativamente, sobretudo a partir de junho, em relação aos anos anterior à pandemia”.

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Miguel Guimarães considera que “Portugal está a viver uma situação quase inédita” com a entrega de um número elevado de escusas de responsabilidade, que mostram que “os médicos atingiram um limite em relação ao esforço que têm de fazer no exercício da sua prática no Serviço Nacional de Saúde (SNS)”.

Se há tantas escusas de responsabilidade é porque não há condições mínimas de segurança e de qualidade para que os médicos possam exercer as suas funções”, disse o bastonário, citado pelo DN.

O facto de nem todas as escusas de responsabilidade serem enviadas à Ordem dos Médicos com os profissionais a remeterem-nas apenas às administrações hospitalares e aos sindicatos mostra que o número pode ser superior.

Assim, o número de médicos a assinar escusas pode já ter ultrapassado os 2.500 — se cada declaração for assinada por três profissionais. Médicos de hospitais da Grande Lisboa disseram ao Diário de Notícias que “bastava um chefe de equipa assinar e os três ou quatro internos com que fez o turno assinarem para se ter esse número”.