O primeiro-ministro não viu como uma crítica a tirada do Presidente da República sobre a sua capacidade de “sugar tudo”. É um bom mata-borrão”, disse Marcelo em entrevista à CNN Portugal. António Costa ficou “feliz” com a apreciação e que mau seria o Presidente preocupado com “um primeiro-ministro que, ouvindo boas ideais, não lhes desse ouvidos”. Admite ter uma boa relação com Marcelo, fundada numa “relação pessoal mais antiga”.

Na entrevista da noite anterior, o Presidente tinha comentado que Costa percebera como nenhum outro líder político as vantagens de manter proximidade com o Presidente da República. “O primeiro-ministro percebeu que havia eleitorados diferentes e percebeu que podia cavalgar mais ao centro com a proximidade do Presidente”, argumentou Marcelo. Costa recusa ir tão longe na análise de uma eventual colagem sua. “Não sei o que é isso da colagem, mas há uma coisa que tenho procurado fazer e fiz também com o anterior Presidente que é uma boa relação institucional”.

Admite que no início, com Cavaco Silva, não foi tão fácil, devido às dúvidas presidenciais sobre a solução governativa que levou Costa ao poder, mas recorda que depois até convidou o então chefe de Estado para presidir a uma reunião do Conselho de Ministros, antes de terminar funções em Belém. Nesse dia, recordou, Cavaco mostrou “o saber que tinha acumulado com dez anos de primeiro-ministro”, uma longevidade em funções que, sem interrupções, Costa ultrapassará Mandato vai até 2026 e, neste momento, já está quase há sete anos em funções). Mas hoje assegura que não tinha na altura nem tem ainda a “sapiência” de Cavaco. “Ainda falta muito para os dez anos”.

Sobre Marcelo, assume que mantêm “uma boa relação institucional” e atira ter ficado “satisfeito com a avaliação que o Presidente fez” do seu desempenho. Sobre a expressão concreta, a do “mata-borrão”, ri–se e jura que já lhe chamaram coisas “muitíssimo piores”.

E respeita as suas avaliações, sobretudo como jurista de quem recusa discordar no caso concreto das escutas dos médicos. Marcelo disse que as escusas de responsabilidade do pessoal médico do SNS “não valem nada juridicamente”. Costa diz que “teria dificuldade em discordar de alguém como o professor Marcelo Rebelo de Sousa”, de quem foi aluno, recordou pela segunda vez. Recusou juntar o seu próprio comentário à questão e reconheceu o “problema de gestão” que existe no SNS.

“Não podemos responder sempre e só com mais meios, mais meios, mais meios. Se nós formos ver, desde 2016, o orçamento do SNS já aumentou 40%, os profissionais ao serviço do SNS, já aumentaram mais de 20%”. Não exclui que possa ter de continuar a “prosseguir o reforço” de recursos, mas que também é preciso “melhor gestão”.

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