Organizações não governamentais (ONG) de proteção do meio ambiente criticaram as autoridades mexicanas por terem retomado a construção de um troço do comboio turístico Tren Maya, apesar de uma ordem judicial de suspensão.

O Ministério do Meio Ambiente e Recursos Naturais realizou na quinta-feira uma reunião de informação sobre o estudo de impacto ambiental para a secção que liga as zonas turísticas da Playa del Carmen e Tulum.

O coordenador de Gestão Ambiental do Instituto Nacional de Ecologia (Inecol) mexicano, Alexandro Medina, garantiu que o projeto não vai gerar impactos irreversíveis e que respeita a Lei Geral de Equilíbrio Ecológico e Proteção Ambiental em vigor no país.

Uma afirmação criticada por várias organizações de defesa do meio ambiente presentes na reunião, na estância balnear de Cancún, sobre o Tren Maya, um projeto emblemático do Presidente Andrés López Obrador.

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Porque é que a obra começou sem uma resolução ou mudança no uso do solo?”, perguntou Araceli Domínguez, do Grupo Ecologista Mayab, lembrando que os terrenos onde irá passar o comboio turístico estão ainda designados como florestais.

Um investigador do Inecol, Rafael Villegas Patraca, limitou-se a dizer que, quando o instituto elaborou o estudo de impacto ambiental, “os trabalhos ainda não haviam começado”, tendo-se recusado por cinco vezes a responder as questões sobre a desflorestação já a decorrer.

A construção do troço do Tren Maya foi atrasada devido a alterações ao percurso e à descoberta de vestígios arqueológicos, de poços subterrâneos de água doce e de rios subaquáticos.

No final de maio, um juiz suspendeu o projeto de 1.500 quilómetros após vários recursos de ONG, que acusaram a ligação de violar normas ambientais. O governo interpôs recurso contra a suspensão.

Os trabalhos foram retomados em 13 de julho, depois do Governo ter classificado em novembro os grandes projetos de infraestruturas públicas como questões de “segurança nacional”.

Rafael Villegas Patraca sublinhou que a polémica em torno da ordem judicial não era o objeto da consulta pública e defendeu ainda que o Tren Maya não irá ter impacto nos recifes do Golfo do México.

A adjudicação do primeiro lote desta infraestrutura ferroviária foi concessionada ao conglomerado português Mota-Engil, em parceria com a China Communications Construction, num contrato de cerca de 636 milhões de euros, segundo um comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) em abril de 2020.

“A Mota-Engil S.G.P.S., S.A. informa sobre a adjudicação à Mota-Engil México, numa parceria, liderada pela Mota-Engil com 58%, com a China Communications Construction Company, de um contrato para a construção do primeiro lote da nova infraestrutura ferroviária”, lia-se na nota.