É sabido que a Toyota é uma das empresas que lidera o desenvolvimento de veículos eléctricos que produzem a bordo a energia de que necessitam, através de uma célula de combustível a hidrogénio, com a segunda geração do Mirai a ser um bom exemplo do actual estágio de evolução desta tecnologia. Pieter Nota, o responsável pelas Vendas da BMW, anuncia agora que o construtor alemão está a desenvolver células de combustível (fuel cells) em parceria com a Toyota e vai iniciar, ainda em 2022, a comercialização de um modelo eléctrico da marca que não recarrega as baterias ligado à rede nacional.
A associação entre a BMW e a Toyota deu como frutos o coupé Supra, construído com base no Z4. Mas se aí foram os alemães a ceder tecnologia, no caso das fuel cells são os japoneses a liderar o processo. Depois de comercializar na primeira geração do Mirai a primeira geração das suas células de combustível, que geram electricidade a partir do hidrogénio que carregam a bordo num depósito, os nipónicos deram um significativo passo em frente com a introdução da segunda geração desta solução, incrementando a eficiência e reduzindo o custo. Mas para que esta tecnologia seja mais atraente e popular, a ponto de ser aceite pelos diferentes países como alternativa, uma vez que os postos de abastecimento são dispendiosos, a Toyota viu com bons olhos a ligação à BMW, que pode mais facilmente cativar o Governo alemão e, com a sua ajuda, a União Europeia.
A BMW já se dedicou, no passado, à utilização do hidrogénio como combustível para animar os seus veículos, mas então considerou-o como substituto da gasolina para os seus motores de combustão. E abriu mão deles, uma vez que a eficiência não é grande e as vantagens para o ambiente tão pouco. Agora o fabricante germânico pretende apostar nas fuel cells como solução para alimentar os SUV e as berlinas eléctricas mais pesadas da marca. E o primeiro modelo a surgir com esta solução tecnológica será o iX5 que tem servido como protótipo de desenvolvimento, o denominado iX5 Hydrogen Concept.
De acordo com Pieter Nota, a BMW está decidida a comercializar em 2022, ainda que em pequenas quantidades, os primeiros iX5 eléctricos a fuel cells, com a certeza que o X7 terá igualmente uma versão com a mesma tecnologia e provavelmente o i7 a seguirá as mesmas pisadas. Estes primeiros veículos a fuel cells fabricados em grande série estão agendados para 2025. Em vez de recarregar a bateria, a vantagem deste tipo de eléctricos é que enchem o depósito de hidrogénio em apenas de 3 a 5 minutos. Esse tempo é suficiente para voltar a ter uma autonomia de 600 km, em vez dos 30 a 60 minutos que um eléctrico a bateria precisa para obter a energia necessária.
O protótipo BMW iX5 monta um motor com apenas 170 cv, mas a versão a fabricar em série ainda em 2022 deverá beneficiar de aproximadamente 374 cv, conseguindo alojar no chassi dois depósitos de hidrogénio com 6 kg cada. Quanto à capacidade das células de combustível não deverá haver problemas, uma vez que a Toyota usa estas fuel cells de segunda geração para alimentar os autocarros eléctricos a hidrogénio que constrói em Gaia, Portugal, veículos substancialmente maiores e mais pesados mas que, ainda assim, se movem sem dificuldades.