A Quercus acusou esta sexta-feira a Infraestruturas de Portugal (IP) do corte “manifestamente desnecessário” de “dezenas de árvores” junto da EN—101, no concelho de Vila Verde, distrito de Braga, a propósito da obra de requalificação daquela via.

Contactada pela Lusa, a IP disse que o abate de 18 árvores se tornou “absolutamente necessário” para a definição dos novos alinhamentos dos novos dispositivos de segurança e de retenção.

Tal como acontece nas intervenções em que a IP tem de proceder ao abate de árvores, as que foram abatidas serão substituídas por espécies idênticas”, acrescenta a empresa.

A associação ambientalista Quercus fala em dezenas de carvalhos-alvarinhos e ciprestes-do-Buçaco, que estarão a ser abatidos junto da EN—101, no troço entre Vila Verde e o limite do concelho com Ponte da Barca.

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Atualmente, a intervenção encontra-se na zona da Portela de Vade, existindo centenas de árvores de grande porte em bom estado vegetativo, algumas das quais estão a ser cortadas, sem que fosse manifestamente necessário”, sublinha.

A Quercus diz que a maioria das árvores foi plantada pela antiga Junta Autónoma das Estradas em meados do século passado, “por motivos paisagísticos, de ensombramento do pavimento e de amenização do clima, entre outros”.

“A EN-101 é uma das estradas nacionais do Minho com melhor enquadramento paisagístico devido a estas árvores e à floresta envolvente, o que poderia justificar a sua classificação como Estrada Património“, acrescenta a associação.

Diz ainda que a IP “tem efetuado cortes de árvores indiscriminados em várias estradas nacionais no país, incluindo sobreiros e outras árvores autóctones, alegadamente devido ao desajustamento dos critérios técnicos para as faixas de gestão de combustível, no âmbito da regulamentação da prevenção de incêndios que deverá ser alterada pelo Instituto de Conservação da Natureza e Florestas”.

A IP deverá promover as boas práticas de gestão do arvoredo, marcando as árvores a intervencionar e disponibilizando publicamente os relatórios de avaliação fitossanitária ou de risco, antes de avançar para o corte das árvores. Contudo, apesar dos alertas, isso continua sem acontecer, o que revela má gestão”, aponta a Quercus.

A IP reitera que o abate foi “absolutamente necessário” para garantir as distâncias de segurança mínimas aos dispositivos de segurança e de retenção exigidos nos regulamentos e normas em vigor.

“Acresce que as referidas árvores, ao longo do seu crescimento, foram interferindo com as barreiras de retenção colocadas neste troço“, adianta.

A requalificação da EN-101, numa extensão de cerca de 20,4 quilómetros, tem intervenções ao nível do pavimento, da drenagem, dos equipamentos de sinalização e segurança, da reformulação de intersecções e do tratamento de travessias urbanas.

“A intervenção para este troço tem como finalidade a melhoria das condições de circulação e de conforto para o utente”, remata.