A reativação de captações de água nos municípios ou o transporte por autotanques foram algumas soluções “imediatas” esta sexta-feira anunciadas para resolver dificuldades de abastecimento nos municípios da Comunidade Intermunicipal (CIM) do Douro.

Há a necessidade de articular com o senhor secretário de Estado, através do Fundo Ambiental, algumas soluções como a utilização de captações próprias, aquisição de autotanques, melhorar as captações que foram desativadas há uns anos e que, agora, precisam de imediato ser reativadas para que o consumo humano, obviamente, não possa estar em causa”, afirmou o presidente da CIM Douro, Carlos Silva Santiago.

O levantamento dessas nascentes, furos e captações será feito “de imediato” pelas câmaras.

Aproveitar tudo o que é possível e que já esteve ao serviço das populações, mas por força da construção dos subsistemas multimunicipais deixaram de estar ativos”, salientou o presidente da CIM.

Os autarcas dos 19 municípios que integram a CIM Douro estiveram reunidos, no Peso da Régua, distrito de Vila Real, com o secretário de Estado da Conservação da Natureza e das Florestas, João Paulo Catarino, num encontro que contou ainda com a participação do vice-presidente da Agência Portuguesa do Ambiente (APA), Pimenta Machado.

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Carlos Silva Santiago, também presidente da Câmara de Sernancelhe, disse que a reunião teve como objetivo encontrar “soluções imediatas” para mitigar o problema da falta de água e, ainda, pensar no novo quadro comunitário de apoio.

Nesse sentido, reclamou que os avisos sejam abertos o “mais rapidamente possível”, para que o ano 2023 “não seja tão aflitivo” como o de 2022, e que os avisos sejam “adequados” aos territórios, “não sejam avulso, ditados em Lisboa”, porque “cada território tem a suas especificidades e as suas dificuldades”.

Acho que é importante pensarmos como é que vamos, com tempo, solucionar o ano 2023, 24 e assim sucessivamente”, frisou.

Por sua vez, João Paulo Catarino referiu que “há um alinhamento entre o Governo e os autarcas em relação a este momento difícil que se vive”.

É um momento de extrema seca e que precisámos estar completamente alinhados e procurar soluções para garantir que a água não falta nas torneiras dos portugueses” frisou.

O governante lembrou que o Governo está disponível para ajudar os municípios na implementação de medidas de contingência, através do Fundo Ambiental, bem como na aplicação de medidas mais estruturais, nomeadamente na questão das perdas de água, através dos programas operacionais regionais.

E alertou que não é possível haver situações de consumos 600 litros de água por pessoa por dia, salientando a necessidade de sensibilizar os consumidores para que a “água que vai pelas torneiras do abastecimento público é essencialmente para consumo humano e tem regras”.

Quanto ao pedido de avisos “específicos para os territórios” respondeu “claro que sim” e disse que o Governo tem vindo a “territorializar as políticas”.

Por fim, questionado sobre a produção de eletricidade em algumas barragens, como a de Vilar, explicou que o Governo decretou uma cota mínima a partir da qual a barragem não podia turbinar e que, a partir do momento em que essas barragens subiram além dessa cota “há disponibilidade para turbinar”.

“É este balanço entre estas utilizações que é feito e que é monitorizado diariamente pela APA”, frisou.

Segundo Carlos Silva Santiago, no Douro, onde a viticultura e a fruticultura “têm uma importância enorme na economia”, a falta de água pode também “ser um problema e colocar em causa todos estes agricultores”.

Por isso mesmo, defendeu ser “urgente” colocar os avisos à disposição, no Ciclo da Água, para que possa “começar a trabalhar nas perdas da água, nas redes de cada município” e para que “os agricultores possam, com investimentos corretos e certos, nos lugares ideais, ver as suas culturas não prejudicadas pela falta de água“.

Mas, a poucos dias de as vindimas começarem em força na Região Demarcada do Douro, as preocupações do autarca centram-se também nos gastos de água nas adegas.

É o uso da água que vai ser dado no tratamento, na lavagem das pipas, dos lagares. E o que se pede aos nossos produtores é que façam o mesmo que os consumidores domésticos, tentar poupar ao máximo, mantendo a qualidade”, salientou.

E continuou: “O exercício que todos temos que fazer é poupar dentro daquilo que é o normal quer na produção, quer no consumo humano”.