Filipe Martins bem tinha avisado. Prometeu um Casa Pia com o “mesmo ADN” e assim cumpriu. O seu conjunto que fazia apenas o seu segundo jogo da Primeira Liga 83 anos depois deu várias dores de cabeça às águias, sobretudo na primeira parte. Muitos homens atrás da linha da bola, é certo, mas uma coesão defensiva irrepreensível e a capaz de pelo menos fazer tremer todas as certezas encarnadas.

O jogo não estava fácil para Roger Schmidt. Na primeira parte, o único lance em que as águas estiveram na eminência de marcar foi protagonizado por Gonçalo Ramos, onde valeu ao Casa Pia o central João Nunes a tirar em cima da linha de golo. Ainda assim, houve tempo e espaço para Godwin fazer das suas. A velocidade no flanco esquerdo causou algumas surpresas ao longo do duelo direto com Gilberto (algo que o próprio treinador alemão haveria de “sinalizar”), mas nenhuma das oportunidades acabou em golo.

O técnico das águias ditou o rumo de todo o jogo com as substituições que fez ao intervalo. Alexander Bah trouxe outro perfume ao lado direito encarnado e conseguiu alterar por completo o jogo benfiquista. Um Benfica mais vertical, com maior capacidade pelas laterais, mais ousado e esclarecido como o que vimos no arranque do segundo tempo levou ao primeiro e único golo da partida: depois de assistência de Rafa, Gonçalo Ramos, com grande classe, desviou para dentro da baliza com o bico da bota (57′).

O Casa Pia tentou mudar de paradigma depois do golo sofrido mas sem conseguir ir além de algumas investidas. O Benfica foi tentando dilatar a vantagem, sobretudo a partir de remates de fora da área, mas sem sucesso. A posse de bola e a vantagem estavam do lado dos encarnados e o fim do jogo estava já praticamente sentenciado. Ainda assim, houve tempo para uma contrariedade nos visitantes: Otamendi foi expulso com o segundo amarelo mesmo ao cair do pano por falta sobre Clayton (94′).

Os instantes finais em vantagem numérica ainda deram algum aparente fôlego ao Casa Pia mas o que é certo é que o resultado não voltaria mesmo a mexer do Estádio Municipal de Leiria. O Benfica vence assim a segunda jornada do Campeonato e continua a sua caminhada sem saber o sabor da derrota neste arranque fruto de uma vitória suada que teve como base a mudança de “chip” da segunda parte.

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