Pedro Passos Coelho ainda não desistiu da vida política e “gostava eventualmente” de voltar a ser primeiro-ministro ou de se candidatar à presidência da República. É esta a interpretação que o social-democrata Luís Marques Mendes, comentador na SIC, fez da aparição do ex-primeiro-ministro no Pontal para apoiar Luís Montenegro.

Também no Algarve, a assinalar a sua rentrée em Portimão, a Iniciativa Liberal provou ser eficaz a fazer oposição, considerou Marques Mendes. Mas mais do que isso, “vê-se que cada vez mais se apresenta como o sucessor do CDS para uma futura coligação de governo com o PSD”.

Para fazer oposição, no entanto, Fernando Medina ajudou. O autarca lisboeta cometeu um “erro monumental” ao contratar Sérgio Figueiredo como consultor na Câmara Municipal de Lisboa, considerou Luís Marques Mendes no espaço de comentário que conduz no jornal noturno da SIC. Parece “uma troca de favores”. E mesmo que não o seja, “à mulher de César não basta ser séria, é preciso parecê-lo”.

O impacto no Governo é “enorme” porque a situação é um “incómodo”, ainda para mais depois do incidente sobre o novo aeroporto com Pedro Nuno Santos; e tendo em conta o salário que foi oferecido a Sérgio Figueiredo, sobretudo considerando os baixos aumentos aos funcionários públicos.

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Luís Marques Mendes considerou também que a subida do preço da alimentação está a tornar-se num “drama social sério”. E os dados que o comentador recolheu na DECO comprovam-no: afinal, um cabaz alimentar com 63 produtos essenciais teve desde 23 de fevereiro um aumento de 15% — uma percentagem que fica acima da inflação. “O Estado está a engordar, mas as famílias estão a emagrecer”, acusou o social-democrata.

Sobre as renúncias que se estão a verificar nas autarquias, Luís Marques Mendes considera que são “uma vergonha para a democracia”. O comentador refere-se à renúncia do presidente da Câmara do Seixal, eleito pela CDU, apenas um ano depois de ter sido eleito, para que os comunistas treinem o número 2 para as próximas eleições.

“Tudo isto é altamente censurável”, considerou Luís Marques Mendes, que pede um debate no seio do Estado sobre esta estratégia — que, de resto, já foi adotada também pelo PS e pelo PSD no passado. É que, mesmo sendo legais, estas renúncias são “imorais” e “uma falta de respeito pelas populações”.