“O que me disse Mourinho? Para dizer a verdade, sentimos que quando as negociações estavam avançadas, ele já não precisava de insistir para me convencer. Agradeceu-me pela minha escolha. A montra de troféus que tem fala por si. Qualquer um, inclusive eu, quer ser treinado por ele, quando me ligou fiquei ainda com mais vontade de vir. Hakimi e outros jogadores falaram-me muito bem da Roma”. A ideia que era tantas vezes ouvida nas últimas duas décadas continua vigente, desta vez com Wijnaldum, médio neerlandês do PSG após vários anos no Liverpool, a ser exemplo paradigmático de como um treinador pode influenciar a decisão de um jogador que procura minutos. Se dúvidas existissem, ainda é o Special One.

26 títulos, 100% de vitórias em finais europeias e terceiro técnico a ganhar tudo na UEFA: os cinco dedos de Mourinho para a história

A vitória na Liga Conferência, quebrando um longo jejum de títulos pela Roma, e a atuação do clube no mercado este verão vieram consolidar uma espécie de renascimento do treinador português depois de um final mais apagado na passagem pelo Manchester United e do trabalho no Tottenham. Mourinho nunca deixou de ser tema de conversa, algumas vezes com o próprio a colocar-se no centro das questões, mas os últimos meses reforçaram esse posicionamento. O reflexo, claro está, pode ver-se nos adeptos. Há muito que não se via no clube da capital italiana tanta esperança numa temporada, como foi bem percetível na apresentação de Dybala e no último encontro de preparação no Olímpico de Roma. Ainda assim, até mesmo para quem via de fora a mensagem que passava era de prudência e muita cautela.

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“A Roma reforçou-se muito bem neste verão mas dizer que vai ganhar o título é estragar o trabalho que Mourinho fez e colocar uma pressão desnecessária. Ele fez um excelente trabalho a nível técnico e psicológico que levou à conquista da Liga Conferência e devolveu o entusiasmo à cidade, por isso não devemos estragar isso. De certeza que vai lutar por grandes objetivos, mas Juventus, Inter e AC Milan estão um passo à frente”, comentou Carlo Ancelotti, campeão europeu e espanhol pelo Real Madrid. “Ancelotti é Ancelotti, sabe tudo de futebol e desta profissão. Conhece também o clube e a cidade. É sempre de respeitar as suas palavras. Carlo é Carlo…”, respondeu o português, agradecendo as palavras do homólogo.

Era neste contexto que a formação romana iria fazer a estreia na Serie A frente à Salernitana, depois das vitórias complicadas de AC Milan (Udinese, 4-2) e Inter (Lecce, 2-1) na ronda inaugural, com Mourinho a elogiar o clube pelo mercado e a entrar em despique de palavras com… Maurizio Sarri, técnico da Lazio. “Matic, Svilar, Celik, Dybala, Wijnaldum. Ter cinco jogadores desta qualidade por sete milhões de euros, só posso aplaudir. Apenas o Lecce e a Sampdória gastaram menos do que nós [na Série A]. A Lazio gastou 39 milhões de euros”, atirou. “Nós não gastámos dinheiro, nós investimos em jovens jogadores. A Roma é que gastou dinheiro. Agradeço a Mourinho pela sua confiança em nós e posso dizer que seria uma desilusão se a Roma terminar em segundo…”, atirou na resposta Sarri, num duelo que começa a aquecer.

“A segunda época corresponde a mais tempo de trabalho, mais conhecimento e mais consciência. Para todos os treinadores na segunda época há condições para fazer melhor. Na Europa para fazer melhor temos de ganhar a Liga Europa, mas para isso há equipas com um potencial económico muito maior que o nosso. Vamos tentar melhorar o sexto lugar. Podem dizer que a Roma é candidata ao scudetto mas Inter e AC Milan têm vantagem e reforçaram-se, além da Juventus”, balizou o português, quase colocando como objetivo em termos de Serie A uma posição de acesso à Liga dos Campeões entre os quatro primeiros. No entanto, os adeptos romanos têm esperança de mais e foi isso que se viu no ambiente criado pela onda visitante que “invadiu” Salerno para a ronda inicial que acabou com uma vitória por 1-0.

Nem sempre o encontro foi bem jogado por parte da Roma, em parte por culpa própria tendo em conta as oportunidades falhadas no primeiro tempo quando o tridente ofensivo Zaniolo-Dybala-Abraham teve uma outra capacidade de criar desequilíbrios. Assim, o único golo da partida acabou por surgir pelos pés de Cristante, a rematar de pé esquerdo com a bola a bater ainda num adversário e a não dar depois hipóteses a Luigi Sepe (42′). No segundo tempo, a Salernitana tentou reagir com o veterano Ribery ainda a dar mostras de toda a classe mas foram os romanos a beneficiarem das melhores chances para aumentarem o marcador, tendo mesmo um golo anulado a Paolo Dybala nos minutos finais do encontro.