O Banco Central da China cortou as taxas de juro para empréstimos bancários, uma medida que apanhou de surpresa os mercados e que terá como objetivo relançar a procura privada. Os dados mais recentes da economia chinesa de julho mostram um abrandamento com a produção industrial e atividade de retalho a ressentirem-se da política de “Covid-Zero” implementada por Pequim e que tem resultado em confinamentos regionais.

A produção industrial cresceu 3,8% em julho face ao mesmo mês de 2021, ficando aquém do crescimento registado no mês anterior — de 3,9% — e das projeções feitas pelos analistas da agência Reuters que apontavam para um aumento de 4,6%. A subida das vendas a retalho em julho ficou-se pelos 2,7%, aquém das previsões, de 5%, e dos valores registados no mês anterior de 3,1%.

O banco central chinês cortou a taxa a médio prazo para empréstimos a um ano para 2,75%, o que não acontecia desde o início do ano. O movimento é também contrário ao que têm feito os bancos centrais na Europa e Estados Unidos que estão a subir as taxas de juro para travar a pressão inflacionista.

Citado pela Reuters, o economista especializado em China da Capital Economics, Julian Evans-Pritchard, “os indicadores de julho sugerem que a recuperação pós-confinamento está a perder força à medida que o impulso dado pelo desconfinamento se desvanece e o boicote ao pagamento de hipotecas acentua a degradação do setor imobiliário”. O Banco da China está a tentar contrariar esses sinais, com um reforço dos apoios ao financiamento, mas a evolução do crédito não está a responder ao alívio da política monetária e pode não ser suficiente para evitar uma fraqueza maior na segunda principal economia do mundo.

A China evitou por pouco uma contração do produto no segundo trimestre, em consequência do confinamento do principal centro de negócios do país, a cidade de Xangai. A crise no setor imobiliário que é um efeito colateral da pandemia, e o fraco consumo privado estão a travar a retoma económica. Várias cidades chinesas que constituem importantes polos industriais e de turismo ainda estavam a viver restrições à circulação de pessoas por causa da pandemia no mês de julho.

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