O Ministério dos Negócios Estrangeiros iraniano defende que ninguém tem o direito de responsabilizar o país pelo esfaqueamento do escritor Salman Rushdie num evento público em Nova Iorque.

Na primeira reação oficial do Irão ao ataque que deixou o autor de Versículos Satânicos gravemente ferido, um porta-voz do MNE iraniano declarou: Sobre o ataque a Salman Rushdie, consideramos que mais ninguém para além do próprio e dos seus apoiantes merecem censura ou condenação”, afirmou Nasser Kanaani numa conferência de imprensa realizada esta segunda-feira. “Ninguém tem o direito de acusar o Irão por este ataque”.

“Desmentimos categoricamente” qualquer ligação entre o agressor e o Irão, disse ainda o porta-voz na sua conferência de imprensa semanal.

“Ao insultar as coisas sagradas do Islão e ao ultrapassar linhas vermelhas de mais de 1,5 mil milhões de muçulmanos e de todos os adeptos das religiões divinas, Salman Rushdie expôs-se à cólera e à raiva das pessoas”.

O escritor de origem indiana muçulmana e nacionalidade inglesa foi alvo de um decreto religioso a apelar à sua morte por parte dos muçulmanos, ao abrigo da lei islâmica, por parte do Ayatollan Khomeini depois de ter publicado o romance “Os Versículos Satânicos”, uma obra que o regime ultra-conservador iraniano condenou por ofensas à religião muçulmana em 1988.

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O ataque desta sexta-feira ataque foi condenado em todo o mundo e o secretário de Estado americano, Antony Blinken, acusou o Irão e as suas instituições de incitarem ao longo de décadas à violência contra o autor que viveu durante anos sob proteção por causa da “condenação” do regime iraniano.

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A primeira reação iraniana de um jornal ultraconservador tinha saudado este ataque cujas motivações não são ainda conhecidas. Rushdie foi esfaqueado mais de 10 vezes na sexta-feira por um jovem americano de origem libanesa. O presumível autor foi acusado de tentativa de homicídio, mas afirmou-se inocente. O escritor continua internado com várias lesões resultantes de repetidos golpes de faca na cara, olho, estômago e perna.

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