A Polícia Judiciária não dependeu do trabalho de qualquer detetive privado para localizar a criança de 5 anos que terá sido trazida de Barcelona para Portugal pela mãe, portuguesa, sem o consentimento do pai, natural de Espanha.

O Observador apurou que os trabalhos dos inspetores da Judiciária foram levados a cabo ao longo dos últimos meses, tendo estes inclusivamente prestado assistência ao pai da criança, que a determinada altura decidiu trazer para Portugal detetives privados.

Questionada esta terça-feira pelo Observador, a Direção Nacional da Polícia Judiciária disse “repudiar veementemente qualquer crítica feita a este trabalho, uma vez que o mesmo decorreu com a celeridade e atitude adequados a um caso desta natureza, que é sensível por estar em causa uma criança”. Além disso, apurou o Observador, algumas das diligências paralelas feitas pela família poderão mesmo ter prejudicado o trabalho das autoridades nacionais, o que levou a que a detenção da portuguesa não fosse tão rápida.

Ana Patrícia Trindade Coelho, a portuguesa de 39 anos que era desde maio procurada em Espanha por ter raptado o próprio filho, Bastian, de apenas 5 anos, foi detida pela Polícia Judiciária na semana passada em Portugal, numa eco-aldeia na região de Lagos.

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Detida em Lagos portuguesa que terá fugido com o filho de Barcelona

De acordo com a imprensa espanhola, terá sido graças à “passividade” das autoridades portuguesas que Alejandro Riera, pai de Bastian, tomou a decisão de contratar uma agência de detetives em Barcelona, com quem viajou para Portugal, para tentar encontrar o filho.

Escreveu o El Mundo desta terça-feira, teriam sido Riera e os detetives da agência Bunker Global Advisory a encontrar Ana Patrícia Trindade Coelho e o filho, de 5 anos, numa eco-aldeia, algures na região de Lagos, no Algarve.

“A mãe da criança foi encontrada por detetives contratados pelo pai onde inicialmente se suspeitava que ela estivesse, em Portugal, onde vivia a sua família, mas é inacreditável que os detetives tenham de ser utilizados para isso”, criticou, aos microfones da esRadio, Joaquín Amills, o presidente da associação espanhola SOS Desaparecidos, que desde 8 de maio, dia em que Alejandro Riera denunciou o rapto do filho, tem denunciado o caso e falado em seu nome à comunicação social.

O Observador questionou a Procuradoria-Geral da República sobre se será aberto algum inquérito para apurar os contornos da atuação da equipa de detetives estrangeiros em território nacional, numa investigação paralela à das autoridades, não tendo recebido até à publicação deste artigo qualquer resposta.

Detida a mãe, Bastian está agora à guarda da Segurança Social, à espera que a Justiça espanhola dê conta da decisão de regulação do poder paternal, de modo a saber-se qual o familiar que deverá ficar com a guarda do menor. Já Ana Patrícia Trindade Coelho poderá mesmo ser extraditada para Barcelona, apesar de ser cidadã nacional, dado tratar-se de um mandado de extradição europeu.