O projeto “Coimbra Futuro Possível” nasceu da vontade de Carlos Pinheiro, urbanista de formação, projetar e mostrar como seria uma cidade com menos automóveis e mais espaço para a mobilidade suave e transportes públicos.

O projeto, materializado numa página da rede social Instagram intitulada “Coimbra Futuro Possível”, já conta com cerca de dois anos de atividade e vai mostrando, através de imagens que Carlos Pinheiro cria, outras possibilidades em vários pontos da cidade, desde ruas desconhecidas, a vias principais, como a Rua do Brasil ou a Estrada da Beira.

As imagens criadas por Carlos Pinheiro, formado em arquitetura e urbanismo, mostram como poderia ser uma cidade menos centrada no automóvel e focada em meios suaves e transportes públicos, eliminando zonas de estacionamento, acrescentando ciclovias, alargando passeios e reduzindo as velocidades para os carros, explicou à agência Lusa o urbanista de 42 anos.

Por vezes, é difícil explicar urbanismo e mostrar exemplos de outras cidades não resulta porque não é o nosso contexto, então é preciso transpor as imagens”, para poder explicar outras soluções de urbanismo e mobilidade, frisou.

Apesar de não estar ligado hoje profissionalmente ao urbanismo, Carlos Pinheiro continua a “ler e a estudar” aquela área e foi perante um “mau exemplo” na cidade, na ciclovia criada junto ao Instituto Superior de Engenharia de Coimbra, que decidiu fazer uma montagem para “explicar às pessoas como deveria ter sido feito”.

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De algo mais recreativo, avançou para uma página na rede social já com vários exemplos criados ao longo dos últimos dois anos.

Quero mostrar possibilidades, mostrar algo que não é utópico, mas real e concretizável. É preciso mudar a maneira como se constroem as cidades e Coimbra é um péssimo exemplo em quase tudo. Por isso, quero mostrar que é possível uma cidade melhor”, através, por vezes, “de soluções simples”, notou.

Em quase todos os exemplos que apresenta, o projeto procura retirar espaço ao automóvel, “que tem uma vida muito facilitada” na cidade, notou.

“Enquanto tiver essa vida facilitada, todos os outros meios, sejam suaves ou transportes públicos, serão sempre a terceira ou quarta opção das pessoas”, argumentou.

Para o urbanista, é necessário “haver vontade política”, apontando para dois espaços centrais — a Alta universitária e os Hospitais — que deveriam estar limitados na circulação do automóvel.

“Sabe-se quase à unidade quantas pessoas afluem àqueles centros. São zonas fáceis de programar transportes públicos e retirar o automóvel dali, mas a discussão continua a centrar-se em silos e estacionamentos”, criticou Carlos Pinheiro.