Carro versus moto é algo que alimenta as conversas de café há anos, com os fãs das motos a garantir que a sua paixão tem mais vantagens que o rival de quatro rodas, e vice-versa. Para tirar dúvidas, temos aqui um duelo entre um Lamborghini Huracán Performante Spyder e uma moto da KTM. Mas não só o Huracán não é uma versão normal, pois beneficia de dois turbocompressores a ajudar o V10, como a KTM é uma das motos que a marca usou em 2021 no MotoGP, sendo similar às que o português pilotou na sua passagem pela equipa de fábrica.

O Lamborghini monta de série um V10 com 5,2 litros, que anuncia 640 cv na versão atmosférica. Esta unidade que se apresentou em pista, no comparativo organizado pela Carwow, tinha montado um kit com dois turbos que elevaram a potência para 1100 hp, valor que deverá ascender a 1115 cv uma vez realizada a conversão. A isto, o Huracán Performante Spyder “vitaminado” alia tracção às quatro rodas e um peso de apenas 1570 kg, que vamos promover a 1650 kg com a adição do peso de Mat Watson, da Carwow.

Do outro lado da pista estava uma bela KTM de MotoGP, animada pelo seu motor com quatro cilindros em V (para ser estreito e permitir grandes inclinações em pista) que, apesar de ser atmosférico, entrega 270 cv a quem tiver a ousadia de se sentar aos comandos e rodar o punho. Pode não parecer muita potência, sobretudo quando comparada com a do Lamborghini, mas com um peso de somente 150 kg, ou 200 kg se lhe juntarmos o peso do “levezinho” Dani Pedrosa, confere ao modelo de duas rodas uma relação peso/potência de 0,74 kg/cv, um valor muito inferior ao 1,74 kg/cv do adversário de quatro rodas – exactamente duas vezes mais favorável, o que certamente não deixará de fazer pender a balança a seu favor.

Nos arranques de ¼ de milha (402 metros) com partida parada, a moto de Dani Pedrosa revelou-se imparável, vencendo duas das três tentativas confortavelmente. E só falhou a terceira porque um ligeiro abuso do acelerador ou do largar da embraiagem fez a moto perder aderência e brindou o piloto com uma “atravessadela”. Mas a vantagem da moto foi avassaladora.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Nas acelerações com partida lançada, a moto continuou a vencer, mesmo quando Mat Watson a “obrigava” a acelerar a partir de 50 mph (80 km/h) em 5ª e em 6ª. Só quando a fasquia baixou para 40 mph (64 km/h) em 6ª é que o Lamborghini conseguiu arrancar uma vitória, ele que reacelerou sempre em 3ª velocidade, perdendo ainda assim 3 contra 1.

A vitória para o representante das quatro rodas surgiu apenas durante a prova de travagem. Lançados a 160 km/h, o primeiro a parar foi o Huracán. A KTM necessitou de um pouco mais de um metro para parar por completo, apesar de estar equipada com slicks de competição e ser substancialmente mais leve (o peso é 8,25 vezes inferior). Mas este exercício não é tarefa fácil para uma moto, mesmo de MotoGP, uma vez que durante uma travagem deste tipo é apenas a roda anterior a realizar mais de 90% do esforço e, para azar de Pedrosa, é muito mais fina do que a traseira. Pelo seu lado, o Lamborghini não tem slicks, mas confia em quatro largos pneus cuja superfície total de contacto como o solo será muito superior à da sua rival neste frente-a-frente. Veja aqui como tudo aconteceu: