Mateusz Morawiecki, primeiro-ministro polaco, disse que a União Europeia (UE) é democrática só em nome, acusando a Alemanha e França de constituírem uma “oligarquia”, que controla os restantes Estados-membros. A crítica foi feita através de um artigo de opinião assinado pelo governante na edição online do jornal alemão Die Welt e em Portugal no Observador.

“No papel, todos os Estados-membros são iguais”, escreveu. “Mas a realidade política mostra que o peso das vozes alemãs e francesas são dominantes. Estamos a lidar com uma democracia formal, mas uma oligarquia de facto, em que o poder está nas mãos dos mais fortes.” 

Morawiecki acusa os dois países “dominantes no bloco” de ignorarem os alertas em relação às pretensões expansionistas da Rússia: “A Europa encontra-se na situação atual, não por ser insuficientemente integrada, mas porque se recusou a ouvir a verdade”, escreveu Morawiecki, numa alusão aos alertas que já haviam sido feitos pelo seu país em relação ao Kremlin.

Tal como o imperialismo russo, considera o primeiro-ministro polaco, a ameaça do “imperialismo dentro da UE” também deve ser combatida. “São os Estados-membros e não as instituições da UE que devem decidir sobre a direção e as prioridades de ação da UE”.

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Mateusz Morawiecki apelou à criação de medidas capazes de colocar “o bem comum e a igualdade novamente no topo dos princípios da UE”, defendendo como principal modo de cooperação entre os países a busca por consenso — em oposição ao “domínio do mais forte”.

Como desatar este nó? O veto de Hungria e Polónia em 8 respostas

A relação turbulenta entre a Polónia e a União Europeia já havia sido demonstrada quando, em novembro de 2020, Varsóvia, em conjunto com a Hungria, bloqueou o acesso ao orçamento plurianual da UE, pela discordância em relação ao mecanismo que condicionava o acesso aos fundos comunitários — que atrasou o fecho da “bazuca europeia” que veio ajudar os países a combater a crise gerada pela pandemia Covid-19.