As consequências da seca já não são novidade no Iraque e o seu impacto tem atingido proporções consideráveis nos últimos anos. Primeiro, o reaparecimento de uma cidade com 3400 anos, que antes estava submersa na albufeira da Barragem de Mossul, e agora chega a notícia de que os pântanos da Mesopotâmia, conhecidos como Jardim do Éden, no sul do país, se transformaram num deserto, depois de três anos de seca.

Além de Jardim do Éden, estas zonas são também, por vezes, chamadas de Veneza do Oriente. Eram originalmente zonas húmidas, onde se encontravam pequenas casas perdidas entre os pântanos, que dão abrigo a mais de dez mil famílias.

Mesopotamian Marshes in Iraq

Muitos animais já morreram por falta de água. Famílias optam também por vender animais.

Aliás, há cada vez mais pessoas a optar por abandonar as suas casas situadas naquele que foi considerado Património Mundial da UNESCO em 2016 e procurar lugares onde exista acesso a água. Esta descrição foi também feita à AFP por um dos moradores. “Agora é como um deserto.”

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“Os pântanos são o nosso sustento. Costumávamos pescar aqui e o gado podia pastar e beber”, admitiu outro morador. Além de as pessoas optarem por mudar de casa, também os animais são cada vez menos — ou morreram, ou foram vendidos.

Um corpo dentro de um barril e outros quatro restos mortais. O que a seca no Lago Mead está a trazer ao de cima

E os alertas têm sido dados. Recentemente, a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura no Iraque classificou esta zona dos pântanos da Mesopotâmia como “uma das regiões mais pobres” do país e uma das que mais sofre e vai sofrer com as alterações climáticas. Já no ano passado, a ONU avisou que o Iraque se preparava para enfrentar uma das estações com menos chuva dos últimos 40 anos.

Além dos animais, sobretudo búfalos, que estão a morrer por causa da seca, também outras espécies estão ameaçadas. Ahmed Saleh Neema, ativista, explicou também à AFP que não existem peixes, javalis ou lontras nos pântanos.