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O presidente do Chega anunciou esta segunda-feira que o partido vai propor um debate no parlamento sobre os incêndios que têm afetado o país e criticou a gestão feita pelo Governo e também o posicionamento do Presidente da República.

Em conferência de imprensa na sede do partido, em Lisboa, André Ventura indicou que o partido vai “marcar, como direito potestativo”, um “debate de urgência ou de atualidade sobre a questão dos incêndios”.

O grupo parlamentar quer que o debate aconteça no regresso dos trabalhos na Assembleia da República, e vai levantar a questão logo “na primeira conferência de líderes”, no dia 6 de setembro.

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“É importante que o ministro da Administração Interna venha ao plenário da Assembleia da República debater com os partidos sobre o que falhou e aquilo que podia ter sido melhor feito no combate aos incêndios”, defendeu André Ventura.

O Chega tinha tentado agendar, em meados de julho, um debate de urgência sobre incêndios, mas acabou por não acontecer porque o partido queria que decorresse em dias sem sessões plenárias.

Em declarações aos jornalistas esta segunda-feira, André Ventura considerou que a “situação de alerta determinada pelo Governo veio demasiado tarde e veio quando já no terreno as circunstâncias e as condições se agudizavam”.

Mais grave que isso, o mecanismo europeu de Proteção Civil, segundo a própria Liga dos Bombeiros e vários membros da Proteção Civil, foi também solicitada a sua aplicação demasiado tarde”, criticou, depois de ter estado reunido de manhã “com vários operacionais, membros da Liga dos Bombeiros e também da Proteção Civil”.

O líder do partido de extrema-direita afirmou igualmente que a rede SIRESP “continua com falhas graves de comunicação”, ao “contrário do que disseram os responsáveis pela estrutura e do próprio Governo”, e a segurança dos bombeiros no terreno “continua comprometida”.

“E isso é inadmissível porque significa que quer o Governo, quer o SIRESP mentiram ao povo português”, acusou.

Na ótica do Chega, a gestão dos incêndios por parte do executivo mostra um “estado de desorientação genérica”.

André Ventura defendeu que a ministra da Presidência, Mariana Vieira da Silva, e o vice-presidente da Câmara Municipal da Covilhã “dificilmente conseguirão manter a dignidade institucional necessária para se manterem nos seus cargos”, apontando que fizeram declarações como “a serra da Estrela sairá até melhor destes incêndios” e “há tragédias que vêm por bem”.

Quanto ao Presidente da República, André Ventura — que concorreu contra Marcelo Rebelo de Sousa nas eleições presidenciais de 2021 — afirmou que “esteve muito mal em todo este episódio” e o partido esperava que fosse “capaz de tocar com o dedo na ferida no que está mal”.

Em vez disso, considerou Ventura, o chefe de Estado “suportou o Governo de forma um pouco incompreensível, justificou ações do executivo que nem corpos de bombeiros nem Proteção Civil conseguem justificar, e secundou o Governo na maioria das ações tomadas em matéria de combate a incêndios”.

“Ora, o resultado está à vista. O Governo sentiu-se mais entusiasmado, sentiu-se com mais força política para continuar o tipo de ações que tinha vindo até aqui a levar a cabo”, afirmou.

O presidente do Chega apontou também que Marcelo Rebelo de Sousa “continua com alguma fixação política em António Costa e no PS” e defendeu que “não se consegue compreender como é que num cenário tão trágico como este, com falhas tão evidentes do executivo, continua a secundar, a apoiar, e em alguns casos até a incentivar o Governo”.