O efetivo da PSP nos Açores teve um reforço de “10 agentes e chefe”, totalizando agora 769 elementos “em funções operacionais”, informou o Ministério da Administração Interna numa resposta ao grupo parlamentar do PSD sobre a criminalidade na região.

Na pergunta dirigida ao MAI, os deputados do PSD questionavam qual “o balanço final (diferencial) à presente data do efetivo total de agentes em missões operacionais da PSP (excetuando os agentes em funções administrativas ou de retaguarda) nos Açores, em comparação com o efetivo em missões operacionais em janeiro de 2021”.

No mesmo documento, datada de 11 de julho, os social-democratas alertavam que os Açores “são a única região do país que não é abrangida pelo sistema de vigilância de costa”.

Na resposta, a que a Lusa teve hoje acesso, o MAI indica ainda que estão “em desenvolvimento os procedimentos para a materialização” do projeto SIVICC [Sistema Integrado de Vigilância, Comando e Controlo] Ultra, prevendo-se a concretização “até ao final do primeiro trimestre de 2023”.

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“No que respeita ao SIVICC Ultra, não obstante os constrangimentos decorrentes da inexistência de Orçamento do Estado na primeira metade de 2022, já se encontram em desenvolvimento os procedimentos para a materialização deste projeto”, afirma.

Por outro lado, a tutela recorda que o Governo criou recentemente a Comissão de Análise Integrada da Delinquência Juvenil e da Criminalidade Violenta, “tendo como finalidade principal a apresentação de propostas tendo em vista a diminuição da delinquência juvenil e da criminalidade violenta, em particular da sua severidade”.

A equipa multidisciplinar, que reúne diversos especialistas e parceiros institucionais, irá envolver, ao longo dos seus trabalhos, outras entidades, nomeadamente da sociedade civil e peritos para completar esta análise, que se quer o mais compreensiva possível”, acrescenta.

As perguntas do grupo parlamentar do PSD tinham por base o Relatório Anual de Segurança Interna referente ao ano de 2021 aprovado pelo Conselho Superior de Segurança Interna, e os deputados indicavam que, “na delinquência juvenil – menores entre os 12 e os 16 anos – a tendência verificada em 2021 mostra um agravamento no número de crimes violentos a envolver suspeitos dentro destas faixas etárias”.

“Nas participações registadas neste tipo de crime, destacam-se os Açores no pódio das três maiores subidas”, alertavam.

Com base no mesmo relatório, os social-democratas notavam que “foram participados em 2021 nos Açores 9.998 crimes, mais 735 crimes do que em 2020, o que representa um aumento de 7,9%”.

“Muito significativo foi o aumento da criminalidade violenta nos Açores no ano passado. As 220 participações feitas nas autoridades policiais representam um crescimento de 14,6% em relação a 2020. Os Açores foram mesmo a quinta região do país em que mais aumentou, em termos de percentagem, a criminalidade violenta e grave em 2021”, especificaram.

O MAI lembra que 2020 e 2021 “foram anos atípicos, devido aos efeitos da pandemia [Covid-19]”, pelo que se deve “ter por referência o ano de 2019”.

Apesar disso, importa salientar que, nos primeiros seis meses de 2022, houve uma descida considerável da criminalidade geral, com menos 331 crimes, o que corresponde a uma diminuição de 6,9%”, destaca o ministério.

Quanto à vigilância da costa, os deputados indicavam que já “foram feitos os estudos prévios das localizações para a instalação dos radares e dos sistemas óticos que compõem a vigilância de costa, que é um instrumento técnico essencial e particularmente eficaz no combate ao tráfico de droga que entra nos Açores por via marítima, em praias e zonas costeiras recônditas e sem presença regular de vigilância das autoridades”.

“É também essencial à garantia de proteção ambiental e combate à pesca ilegal na orla costeira das ilhas”, destacavam.

O PSD assinalava ainda que “o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) em andamento, e a terminar em 2026, é uma oportunidade única para realizar este investimento e que não pode ser desperdiçada, é absolutamente inaceitável que os Açores sejam a única região do país que não tem Sistema de Vigilância de Costa”.