Espanha será a anfitriã de uma cimeira da União Europeia (UE) e dos países da América Latina, no segundo semestre de 2023, durante a presidência espanhola do Conselho da União, anunciou esta quarta-feira na Colômbia o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez.

Vamos aproveitar a presidência espanhola do Conselho da UE no segundo semestre de 2023 para cumprir com um objetivo prioritário, que é colocar a América Latina no lugar que merece nas suas relações com a União Europeia”, disse Sánchez, em Bogotá, onde esta quarta-feira iniciou um périplo pela região que o levará, além da Colômbia, ao Equador e às Honduras.

Depois de se referir à guerra na Ucrânia, iniciada há seis meses com a ofensiva militar da Rússia, e as consequências que está a ter ao nível da energia, da inflação ou da alimentação em todo o mundo, o primeiro-ministro espanhol defendeu que “num contexto geopolítico tão complexo” é “vital reforçar os laços” com a Comunidade da América Latina e das Caraíbas (CLAC).

“Devemos dar um novo impulso a essa relação de máxima colaboração, baseada na dignidade, no respeito e na confiança mútua”, disse, antes de anunciar a realização da Cimeira UE-CLAC.

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O primeiro-ministro espanhol afirmou que “Espanha vai ser e continuará a ser durante muitos anos a grande impulsionadora dos interesses latino-americanos na União Europeia” e “para isso” organizará esta cimeira, que será “um êxito sem paliativos”.

A primeira cimeira de líderes da UE e da América Latina realizou-se em 1999 e a última ocorreu em 2015, em Bruxelas.

Sánchez, que falava no encerramento de um fórum empresarial Espanha-Colômbia, referiu-se também à Cimeira Ibero-Americana de 2023, prevista para Santo Domingo, na República Dominicana, para destacar a importância destes encontros, de que faz parte Portugal, e sublinhar “o compromisso” de Espanha com a sua realização e dinamização, para “coordenar as diversas agendas nacionais e fixar posições conjuntas no cenário internacional”.

“A comunidade ibero-americana pode contribuir muito para debates como a transição energética e a transição digital”, defendeu, dando como exemplo uma “aproximação ibero-americana com uma carta de direitos digitais que reconheça direitos e deveres de grandes empresas tecnológicas neste âmbito”.

Pedro Sánchez é o primeiro chefe de Governo a visitar a Colômbia depois da tomada de posse do novo Presidente do país, Gustavo Petro, o primeiro chefe de Estado de esquerda na história da Colômbia, com quem irá reunir-se ainda esta quarta-feira.

Na intervenção no fórum empresarial em Bogotá, Sánchez, que é também líder dos socialistas espanhóis, desejou os “maiores êxitos ao novo Governo” da Colômbia e saudou o “novo capítulo na história da democracia colombiana” com a chegada ao poder de Petro.

A visita de Sánchez à Colômbia começou, porém, com uma entrevista à estação local W Radio em que manifestou a disponibilidade de Espanha para acolher as negociações para a paz definitiva na Colômbia, depois do acordo conseguido há cinco anos que levou a um cessar-fogo com a guerrilha das FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia).

Gustavo Petro já disse que quer retomar o diálogo com a guerrilha do Exército de Libertação Nacional (ELN), interrompido com o anterior Governo, liderado por Iván Duque, e que quer tentar acordos com outros grupos armados, alguns deles, de dissidentes das FARC.