Novas imagens de satélite mostram a destruição que a época das monções está a infligir no Paquistão, onde os campos verdejantes foram transformados em pantanais, os edifícios foram arrastados pelas forças das correntes e até uma parte da província de Sindh ficou transformada num lago com 100 quilómetros de largura, submersa na água das chuvas e isolada do restante território.
O lago formou-se depois de a região ter sido afetada por chuvas muito fortes e pela inundação do rio Indus, que invadiu o sul da província de Sindh. Desde 1961 que o cenário não era tão grave no Paquistão: a Organização das Nações Unidas descreveu o fenómeno como “uma época de monções em esteróides”. Tanto em Sindh como na província de Balochistan está a chover 500% mais do que era expetável.
Algumas estradas desapareceram do mapa, como demonstram as comparações entre as imagens captadas há alguns meses e as que têm sido recolhidos desde junho até agora. Há novos cursos de água a percorrer o território paquistanês e os terrenos nas margens do rio Cabul ficaram completamente inundados. Na cidade de Nowshera, a terra firme simplesmente desapareceu: só algumas casas são visíveis à superfície.
De acordo com o The Guardian, entre as 33 milhões de pessoas que foram afetadas pelas monções — um sétimo de toda a população paquistanesa —, 500 mil estão abrigadas em campos de apoio humanitário. Milhares viram-se obrigadas a procurar soluções elas mesmas, já que estes campos estão preenchidos. Shebaz Sharif, o primeiro-ministro do país, diz que estas são as piores cheias de sempre no Paquistão.
1,100 people killed.
1,000,000 homes destroyed.
1,000,000,000 animals drowned.Satellite images of Pakistan’s devastating floods by @nytimes. pic.twitter.com/v9LoZeMphY
— CJ Werleman (@cjwerleman) August 30, 2022
Embora o fenómeno nas monções seja habitual no Paquistão, a dimensão verificada nesta época não se registava há pelo menos três décadas. As chuvas estão a destruir campos inteiros de plantações, colocando em xeque a subsistência de grande parte da população e prejudicando a economia do país. As Nações Unidas tencionam prestar um apoio financeiro de quase 160 milhões de euros a partir de um fundo de emergência.
A situação deve acalmar nos próximos dias porque os meteorologistas já não esperam chuvas tão intensas nos próximos dias. Ainda assim, a água que invadiu terra firme deve demorar dias a recuar ou a ser absorvida pelos terrenos. Sherry Rehman, ministro das Alterações Climáticas, admitiu que parte do país está transformado “num pequeno oceano”: “Quando isto acabar podemos ter um quarto ou terço do Paquistão sobre água”.