O primeiro-ministro, António Costa, fez esta sexta-feira um balanço positivo da visita oficial de dois dias a Maputo e da V Cimeira Luso-Moçambicana, destacando a “grande sintonia e vontade política” dos dois países para reforçar a cooperação.

“Eu acho que esta cimeira foi francamente positiva em todos os domínios. Do ponto de vista político, há de facto uma grande sintonia e vontade política de reforçar a cooperação entre os dois governos”, afirmou António Costa, em declarações aos jornalistas, para fazer um balanço antes do final da visita oficial a Moçambique, que esta sexta-feira termina.

E considerou que “do ponto de vista político, do ponto de vista económico, do ponto de vista militar e da segurança, [foi] claramente positivo”.

No final de um encontro com a comunidade portuguesa na Escola Portuguesa de Moçambique, em Maputo, o chefe de Governo assinalou que o fórum económico e de investimento entre Portugal e Moçambique “teve uma grande participação das empresas portuguesas” e apontou que os dois países assinaram nesta cimeira “um conjunto de instrumentos financeiros novos de apoio ao investimento das empresas portuguesas aqui em Moçambique e também no conjunto dos PALOP”.

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Também o Governo moçambicano “deu uma mensagem muito forte de desejo de que as empresas portuguesas venham para Moçambique, invistam em Moçambique, ajudem Moçambique”, considerou o primeiro-ministro.

Temos um conjunto novo de áreas de cooperação a desenvolver e, sobretudo, uma vontade comum, como há muito tempo eu não via, das autoridades moçambicanas, das autoridades portuguesas para trabalharmos juntos para ajudarmos a desenvolver Moçambique e também para reforçar a amizade tradicional entre os nossos povos e os nossos países”, salientou.

Neste balanço, António Costa referiu também “a dimensão internacional e de segurança, não só na cooperação bilateral do ponto de vista militar”, mas também por Portugal integrar a União Europeia e Moçambique ser membro da SADC [Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral], e juntos poderem “unir estas forças, por exemplo, para enfrentar o desafio do terrorismo em Cabo Delgado”.

“Nós lideramos a missão da União Europeia aqui em Moçambique e estamos em conjunto com as autoridades moçambicanas, com os seus parceiros da SADC, com o Ruanda, a dar resposta efetiva aquilo que é a ameaça terrorista em Cabo Delgado”, frisou.

No discurso que proferiu momentos antes, o primeiro-ministro deixou “uma palavra especial” para os portugueses que estão em Cabo Delgado.

Temos de continuar todos mobilizados, a comunidade internacional, para apoiar Moçambique nesse combate ao terrorismo”, que constitui uma “ameaça global”, defendeu.

Na sua intervenção, assinalou também que “os melhores representantes daquilo que Portugal é é cada uma e cada um dos portugueses que vivem e trabalham em Moçambique”.

Apontando o “esforço continuo” que tem de ser feito para melhorar “cada vez mais a qualidade dos serviços consulares”, Costa afirmou que um “sonho que gostaria de ver realizado” é conseguir “ter um consulado no telemóvel” e um “contacto permanente com as autoridades portuguesas” a partir destes dispositivos.

E especificou que o objetivo não é encerrar os consulados, mas dar a oportunidade de se “poder fazer diretamente”, através do telemóvel, aquilo que não necessita de ser feito no consulado presencialmente, “de forma a reservar o consulado para aquilo que efetivamente não é possível fazer à distância”.

Antes, o ministro dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho, assinalou que os portugueses em Moçambique são 40 mil e constituem uma comunidade que “tanto deu e tanto continua a dar ao país”.

E adiantou que foram 18 os protocolos celebrados entre os dois países durante a V Cimeira Luso-Moçambicana, acordos que “marcam novas etapas neste relacionamento”.

Depois de um encontro com empresários portugueses, o primeiro-ministro encontrou-se com membros da comunidade portuguesa em Moçambique, onde inaugurou o refeitório e entregou a António Pinheiro, antigo cônsul português em Maputo, as insígnias de oficial da Ordem do Infante D. Henrique.