A Autoridade da Concorrência (AdC) anunciou esta sexta-feira que a investigação ao trabalho da Google em Portugal, que tem vindo a ser feita “de forma aprofundada” nos mercados digitais, incluindo a publicidade digital, passou para a Comissão Europeia a pedido de Bruxelas devido à “abrangência e impacto da matéria em causa”.

A Autoridade da Concorrência explicou, em comunicado, que abriu em maio deste ano um “processo de contraordenação visando a Google pela prática de um abuso de posição dominante”, processo esse que esteve até agora “coberto pelo segredo de justiça”.

Em causa estão comportamentos da Google que indiciam um possível autofavorecimento (self-preferencing) desta empresa em vários níveis da cadeia de valor associada à venda do espaço publicitário online”, lê-se na nota.

Desta forma, a Autoridade da Concorrência suspeita da “possibilidade de a Google ter utilizado informação sobre os leilões para anúncios online, a que os concorrentes não tinham acesso, para condicionar, em seu favor, o resultado desses leilões e de ter potencialmente limitado o desenvolvimento de tecnologias de leilões concorrentes, a par de outros eventuais comportamentos passíveis de restringir a concorrência na relação com os editores (publishers)”.

A AdC, que tem uma equipa especializada em mercados digitais desde 2020, escreve no comunicado que “os leilões em causa determinam que anúncios aparecem nas páginas dos utilizadores quando estes navegam na internet”. O organismo revelou assim que “elementos recolhidos” indiciam que “a Google terá uma posição dominante nestes mercados”.

Em 27 de julho, a Autoridade da Concorrência foi informada pela Comissão Europeia de que Bruxelas pretendia “alargar o âmbito da sua própria investigação à Google para incluir também as práticas e os mercados objeto de investigação pela AdC em Portugal”.

A partir daí, “a AdC reforçou” junto de Bruxelas “a importância de os mercados portugueses serem objeto de investigação” e colocou à disposição da Comissão Europeia “toda a informação coligida durante a investigação que desenvolveu”.