A Red Bull e a Porsche deram por terminadas as conversações que visavam competir na F1 em 2026 em parceria. Depois de meses de negociações, a Red Bull, campeã do mundo em 2021 e líder confortável do campeonato este ano, afirmou que se “tornou evidente, durante as conversações com a Porsche, que não existia um alinhamento estratégico”. Enquanto isto, a Porsche afirmava que “as duas companhias chegaram à conclusão que não fazia sentido as conversações continuarem”, segundo a Reuters.

No Grupo Volkswagen, a Audi e a Porsche decidiram entrar na F1 em simultâneo e em 2026, quando os novos motores serão adoptados, nivelando a concorrência. A F1 é um excelente instrumento de marketing, sobretudo quando a marca vence ou disputa a liderança. Mas a Porsche tinha uma necessidade mais premente, que consistia em tornar-se ainda mais apelativa para, quando dentro de umas semanas se tornar independente do Grupo e se lançar em bolsa, poder maximizar o seu valor e encaixar os fundos de que necessita para suportar o reforço na mobilidade eléctrica.

A Porsche negociou durante meses com a Red Bull, a marca que produz os melhores chassis de F1, sobretudo graças à magia de Adrian Newey, o mago da aerodinâmica que teima em conceber chassis melhores que a concorrência. A Porsche queria entrar na disciplina máxima do desporto automóvel pela porta grande, com uma equipa de F1 que até consegue ser campeã com um motor menos bom, como aconteceu com o Honda, exactamente o que a Porsche necessitava para incrementar as suas possibilidades de sucesso, na competição e na tentativa de atrair novos investidores.

Mas a Red Bull tinha outros objectivos. Aceitava vender apenas uma fatia da Red Bull Engineering, onde poderia entrar um fornecedor de motores, mantendo exclusivamente para si a equipa da F1, que produz os fórmulas e os faz correr. Isto permitiria à Red Bull afastar a Porsche, caso o seu futuro motor não fosse competitivo, o que já aconteceu, trocando-a por outro fornecedor. Basta recordar o motor 3.5 V12 com o nome de código 3512, que a Porsche desenvolveu para as equipas que o quisessem adquirir e que apenas a Arrows comprou para correr em 1991. Esta unidade revelou-se demasiado pesada e nada competitiva, tendo sido considerada um fiasco e abandonada.

Sem possibilidade de assegurar uma equipa de ponta com os novos 1.6 V6 Turbo, com a componente eléctrica reforçada para obter mais potência, a Porsche optou por desistir, tal como consta no comunicado conjunto da Red Bull com a marca alemã. O facto de a Red Bull ter preferido avançar com a concepção do seu próprio motor, em vez de confiar na tecnologia da Porsche, deve representar um rude golpe para a marca alemã, que não a vai ajudar a valorizar da IPO que se aproxima.

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