Foi “muito importante” a decisão do BCE de acelerar a subida das taxas de juro – 75 pontos-base, na última quinta-feira – mas, a partir de agora, Mário Centeno defende que o banco central deve primar pela “previsibilidade” e, sobretudo, evitar precipitações e “mover-se em passos pequenos”, num contexto de incerteza.

“A pior coisa que pode acontecer é formar-se uma perceção de que as autoridades estão a andar para trás e para a frente, nas suas decisões, apenas correndo atrás dos dados”, diz Mário Centeno em entrevista à agência Bloomberg. As declarações foram feitas em Praga, capital da República Checa, um dia depois de o Banco Central Europeu (BCE) anunciar a maior subida das taxas de juro da sua história e ter indicado que os próximos meses irão trazer mais aumentos.

Centeno sublinhou que a subida anunciada nesta quinta-feira, tal como o aumento de 50 pontos-base decidido em julho, foram duas decisões que se enquadram num desejo do BCE de antecipar o esforço de subida dos juros – o chamado “frontloading“, isto é, uma concentração das subidas, de forma mais intensa, no início do processo, em vez de uma abordagem mais gradual e prolongada no tempo.

“Isto só significa que estamos a avançar mais rapidamente do que tínhamos imaginado em junho ou julho. Não significa que estamos a antecipar que o ponto de chegada seja mais elevado”, ou seja, Centeno argumenta que só porque o BCE está a subir os juros mais rapidamente não quer dizer que, no final deste processo de aumento, se atinjam níveis mais elevados do que anteriormente previsto.

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