O secretário-geral da Federação Nacional de Professores (Fenprof), Mário Nogueira, defendeu esta terça-feira que a questão da falta de professores só se resolve com a criação de condições de atratividade e de valorização da carreira de docente.

“De uma vez por todas, o Governo tem de perceber onde é que está a solução! E a solução é criar condições de atratividade”, sustentou.

Numa conferência de imprensa que decorreu esta terça-feira de manhã à entrada da Escola Secundária Quinta das Flores, em Coimbra, Mário Nogueira informou que está prevista, para o final do mês, uma reunião com o Ministério da Educação, que tem por objetivo “assinar um protocolo negocial que preveja a valorização da profissão de docente”.

Um protocolo negocial que seja para a legislatura, mas que tenha já início no próximo Orçamento do Estado, em que se prevejam condições de vinculação mais cedo, condições de recuperação do tempo de serviço em falta e em que se acabem com as vagas e com as quotas de avaliação”, apontou.

No seu entender, este deve ser um documento onde se criem condições para que os que estão na carreira queiram continuar e os que estão a pensar no seu futuro queiram chegar à docência.

“Só assim é que se resolve o problema. Se não, é a qualidade do ensino que vai ser posta em causa”, alertou.

Aos jornalistas, o dirigente da Fenprof frisou que “as medidas avulsas” que foram tomadas pelo Ministério da Educação podem “fazer cócegas”, mas não resolvem o problema da falta de professores.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

“Quando uma escola não conseguiu um professor por via do concurso nacional, pode passar-se à fase da contratação de escolas. Mas, isso não impediu que ao fim do dia de ontem [segunda-feira] tivéssemos qualquer coisa como 991 horários na plataforma das ofertas de escolas, dos quais 747 correspondem a horários de professores para disciplinas e os restantes de técnicos especiais”, referiu.

De acordo com Mário Nogueira, a falta de professores irá piorar, ao longo do ano, com cerca de 2.200 a 2.500 aposentações, enquanto nos cursos de formação de docentes, nesta primeira fase, entraram apenas 727 jovens.

“Prevê-se que com a segunda fase possa atingir os 1.100 jovens, mas não mais do que isso. Ou seja, metade ou menos dos que saem”, evidenciou.

A conferência de imprensa serviu ainda para aludir aos “cerca de três mil professores com doenças incapacitantes e que não foram deslocados para áreas de tratamento.

“Não tarda muitos destes professores vão meter baixa médica”, alertou, acrescentando, a título de exemplo, o caso de um docente com cancro na garganta e que foi colocado numa escola com horário completo, apesar de não ter voz.