No caso do Manchester United, o adiamento de jogos da Premier League devido à morte da Rainha Isabel II apanhou a jornada do fim de semana passado e a do próximo fim de semana. Ou seja, em pleno setembro, os red devils deparavam-se com um cenário para lá de incomum na atual temporada: no espaço de 11 dias tinham apenas duas partidas, ambas para a Liga Europa e separadas por uma semana inteira.

Ainda assim, o ambiente em Old Trafford estava longe de ser favorável. Na passada quinta-feira, o preciso dia em que Isabel II morreu, o Manchester United recebeu a Real Sociedad e entrou a perder na fase de grupos da Liga Europa graças a uma grande penalidade de Brais Méndez. Assim, uma semana depois e contra o Sheriff na Moldávia, a equipa de Erik ten Hag precisava naturalmente de vencer para manter intactas as esperanças de seguir em frente na segunda competição europeia.

Uma estreia para esquecer de Ronaldo no dia que não mais será esquecido (a crónica do Manchester United-Real Sociedad)

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“É óbvio que temos de ter cuidado porque na época passada venceram o Real Madrid e o Shakhtar Donetsk. São capazes de o fazer e temos de tornar o jogo nosso. Temos consciência disso, logo, temos de estar prontos e preparados para o jogo porque é sério e é um adversário forte. Temos de estar ao nosso melhor para conseguir a vitória. Pressão? A pressão está nos jogos todos. Para nós a pressão é sempre a mesma porque temos de ganhar todos os jogos. É óbvio que quando se perde o primeiro jogo, tem de se ganhar o segundo, por isso sabemos qual é a nossa tarefa. Usámos os últimos dias para ter boas sessões de treino e acho que isso ajudou muito. Estamos bem preparados”, explicou o treinador neerlandês na antevisão.

Assim, contra um Sheriff que na primeira jornada havia vencido o Omonia no Chipre, Ten Hag não surpreendia e lançava Bruno Fernandes, Eriksen e McTominay no meio-campo, deixando Casemiro no banco, e mantinha Diogo Dalot na direita da defesa. No ataque, onde Martial e Rashford estão lesionados, Antony e Jadon Sancho apareciam no apoio a Cristiano Ronaldo, que repetia a titularidade da semana passada contra a Real Sociedad — algo que, aliás, até já tinha sido adiantado esta quinta-feira por Fernando Santos quando o selecionador nacional anunciou a convocatória portuguesa. Do outro lado, o ex-V. Guimarães Ouattara estava no onze inicial de Stjepan Tomas.

A primeira parte, para o Manchester United, acabou por correr da melhor maneira. Os ingleses até permitiram alguma bola ao Sheriff nos instantes iniciais mas depressa agarraram o controlo do jogo, pelo menos no que às ocasiões de perigo dizia respeito, inaugurando o marcador ainda dentro dos primeiros 20 minutos. Sancho recebeu de Eriksen à entrada da grande área, trocou de pé num gesto técnico perfeito e atirou cruzado para bater Koval (17′). O Sheriff ainda reagiu ao golo sofrido, com Atiemwen a atirar ao lado de longe (22′), mas o Manchester United começou a pressionar ainda mais alto desde que ficou em vantagem e não permitiu grandes aventuras ao adversário.

Ronaldo ficou perto de marcar com um pontapé por cima depois de um passe de Antony (33′), Eriksen assustou a baliza moldava com um livre direto (35′) e Sancho teve uma oportunidade gigantesca para bisar ao ver Radeljić intercetar a bola em cima da linha de golo (36′). Logo depois, porém, a resistência do Sheriff iria voltar a desmoronar: Diogo Dalot foi carregado em falta por Kpozo na grande área e, na conversão da grande penalidade, Cristiano Ronaldo não falhou (39′). O jogador português estreou-se a marcar nesta temporada, sendo que há 18 anos que não chegava tão longe numa época sem fazer golo, e atingiu finalmente um objetivo que andava a adiar a cada partida que passava e pode naturalmente ser um ponto de viragem.

Erik ten Hag mexeu logo ao intervalo e trocou McTominay por Casemiro. A segunda parte desenrolou-se de forma tranquila, sem grandes acontecimentos e também sem grande intensidade — algo que beneficiava obviamente o Manchester United, que ia gerindo a vantagem com bola e inserido no meio-campo adversário sem ter de se preocupar com as inexistentes investidas do Sheriff. Ronaldo teve a melhor ocasião até então a cerca de 20 minutos do fim, com um pontapé por cima após uma boa jogada coletiva que terminou com uma assistência de Malacia (69′), e Ten Hag começou a poupar esforços ao trocar Dalot por Luke Shaw.

Até ao fim, já pouco aconteceu. Ronaldo saiu a dez minutos do apito final para dar lugar a Elanga e o Manchester United acabou por vencer mesmo o Sheriff, somando os primeiros pontos na Liga Europa e regressando às contas do apuramento. A 15 de setembro, numa banal quinta-feira, bastou um simples penálti para repôr a normalidade no mundo: Ronaldo marcou.