O Parlamento Europeu reclamou esta quinta-feira um reforço do mecanismo europeu de proteção civil, face ao aumento da frequência e gravidade de catástrofes naturais na Europa, incluindo os incêndios florestais.

A posição da assembleia consta de uma resolução sobre o combate às alterações climáticas, neste dia adotada no hemiciclo de Estrasburgo, França, com 469 votos a favor, 34 contra e 44 abstenções, na qual os eurodeputados defendem ser “urgente reforçar a ação climática” na União Europeia.

Relativamente à capacidade de resposta de emergência a catástrofes naturais, o texto sublinha a importância de “reforçar e utilizar plenamente o mecanismo europeu de proteção civil” e apela à criação rápida de uma nova frota permanente no quadro deste mecanismo e um aumento do número de voluntários de combate a incêndios.

Na quarta-feira, no seu discurso sobre o Estado da União, perante o Parlamento Europeu, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, anunciou que a UE vai comprar 10 aviões e três helicópteros de combate a fogos florestais, duplicando a sua capacidade.

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“A União irá comprar 10 aviões anfíbios ligeiros e três novos helicópteros para acrescentar à nossa frota”, anunciou Von der Leyen, destacando que a UE necessita de mais meios, dado que os incêndios florestais são “cada vez mais frequentes e mais intensos”.

Com esta aquisição, será duplicada a capacidade da UE para combater incêndios no próximo ano.

“Nenhum país pode lutar sozinho contra estes fenómenos meteorológicos extremos e a sua força devastadora”, disse a líder do executivo comunitário, intervindo no seu terceiro discurso sobre o Estado da União, na sessão plenária do Parlamento Europeu.

Em 5 de setembro, o comissário europeu responsável pela Gestão de Crises já reconhecera que a União Europeia deve reforçar os meios de combate a incêndios florestais para 2023, depois de o mecanismo europeu de proteção civil ter atingido o limite neste verão.

Falando na abertura de uma reunião ministerial de coordenação de emergência sobre o reforço da preparação e resposta da UE em caso de incêndios, o comissário Janez Lenarcic apontou que, desde junho passado, foram recebidos 11 pedidos de assistência ao abrigo do mecanismo europeu de proteção civil, reconhecendo que só não houve mais pedidos de ajuda por parte de Estados-membros que enfrentavam fogos de grandes dimensões “pois os países afetados sabiam que não haveria capacidades disponíveis”.

Tal foi o caso de Portugal, que em agosto se absteve de voltar a acionar formalmente o mecanismo de assistência europeu, para combater o fogo no Parque Natural da Serra da Estrela, por ter conhecimento de que não havia meios disponíveis, dado estarem já empenhados no combate a fogos em outros Estados-membros.

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Na ocasião, o comissário sublinhou que se assistiu neste verão a “uma aceleração alarmante da propagação de fogos florestais por toda a Europa“, salientando que, “embora a época de fogos deste ano ainda não tenha terminado, já bateu todos os recordes”, com um total de área ardida de mais de 750 mil hectares, “cerca de três vezes o tamanho do Luxemburgo”, e apontou o caso concreto da Serra da Estrela.

“As imagens que todos vimos da Gironda, em França, do Parque Natural da Serra da Estrela, em Portugal, mas também da República Checa, Alemanha, Espanha, das regiões do Carso, entre Itália e Eslovénia, ficarão connosco como lembrança da gravidade dos incêndios florestais que estão a ocorrer neste continente”, enfatizou.

Em Portugal, segundo dados do Instituto de Conservação da Natureza, desde 1 de janeiro, mais de 100 mil hectares de floresta arderam.