Seis vitórias consecutivas, segundo lugar do Campeonato a dois pontos da liderança e um incrível registo de 23 golos marcados e cinco sofridos. O Sp. Braga tem estado a realizar um início de temporada assinalável e que permite começar a pensar em quatro candidatos ao título ao invés de apenas três — mas, pelo meio, os minhotos não descuravam a Liga Europa.

Depois da vitória frente ao Malmö na jornada inaugural da fase de grupos, que pelo meio teve mais um triunfo para a Liga frente ao Rio Ave, o Sp. Braga recebia o Union Berlin na Pedreira e procurava prolongar o registo positivo e colocar-se numa posição privilegiada em relação ao apuramento. Do outro lado, porém, estava uma equipa alemã que é atualmente o surpreendente líder da Bundesliga com mais dois pontos do que Bayern Munique e Borussia Dortmund — mas que tinha perdido nas competições europeias perante o Union Saint-Gilloise e precisava de pontos para se manter à tona.

Com dois Hortas, tudo cresce de outra forma (a crónica do Malmö-Sp. Braga)

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“Estou muito entusiasmado e satisfeito para este jogo. Estarão em campo duas grandes equipas e será um jogo com grande intensidade. Vamos disputá-lo com a máxima ambição, sabendo que teremos de ser muito competentes e rigorosos para podermos ganhar. É essa a nossa ambição, porque queremos consolidar o primeiro lugar do grupo. Queremos fazer a diferença com mais seis pontos do que este adversário mas sem nunca pensar que está tudo feito”, disse Artur Jorge na antevisão, sendo que o treinador podia tornar-se esta quinta-feira o responsável pela 50.ª vitória do Sp. Braga na competição entre Taça UEFA e Liga Europa.

Ora, neste contexto, o técnico minhoto fazia algumas alterações ao onze inicial e dava a primeira titularidade a Álvaro Djaló e também a Uroš Račić, colocando Al Musrati e Ricardo Horta no setor intermédio e Banza e Vitinha no trio ofensivo. Do outro lado, o óbvio destaque ia para Diogo Leite, o central português que está nos alemães por empréstimo do FC Porto, que já passou pelo Sp. Braga e que aparecia no onze inicial de Urs Fischer.

A primeira parte foi bem disputada e trouxe duelos e batalhas táticas e estratégicas bastantes interessantes. Ainda assim, não trouxe golos. O Union Berlin entrou forte, demonstrando desde logo que pretendia desequilibrar com movimentos entre linhas e a aposta na profundidade, mas o Sp. Braga manteve-se organizado defensivamente e foi tentando trair os atacantes adversários com a armadilha do fora de jogo. Becker teve a primeira oportunidade da partida ao aparecer na cara de Matheus, com o guarda-redes brasileiro a responder com uma enorme defesa (14′), e Diogo Leite acertou no poste de cabeça logo no lance seguinte (15′).

Os minhotos defendiam bem, contando também com a exibição inspirada de Matheus, mas a verdade é que não conseguiam fazer muito no setor ofensivo. Ricardo Horta atirou por cima (22′), Álvaro Djaló rematou ao lado (40′) e Banza esteve perto de abrir o marcador já nos descontos (45+2′) mas a verdade é que a defesa alemã nunca passou por verdadeiros calafrios. Vitinha apresentava-se muito combativo e ligado ao jogo mas tinha pouco espaço para fazer a diferença, sendo muitas vezes travado pelo poderio físico dos adversários. Ao intervalo, mantinha-se o nulo na Pedreira.

Nenhum dos treinadores fez alterações ao intervalo e a lógica do jogo manteve-se, com o Union Berlin a ser substancialmente mais perigoso e o Sp. Braga a ter algumas dificuldades para entrar com perigo no último terço dos alemães. Artur Jorge tentou quebrar a monotonia à passagem da hora de jogo e lançou dois titulares, André Horta e Iuri Medeiros, para ir à procura de maior acutilância ofensiva. Os minhotos melhoraram, subiram as linhas e conquistaram posse de bola e presença no meio-campo adversário, mas continuavam sem rasgo na última decisão e o encontro ia avançando sem pontos de destaque.

Abel Ruiz entrou já a 20 minutos do fim e a subida de rendimento do Sp. Braga acabou por dar frutos pouco depois. Medeiros desequilibrou do lado direito, solicitou André Horta na meia esquerda, o jogador português atirou forte para defesa de Rønnow para a frente e Vitinha, na recarga, abriu o marcador (77′). O jovem avançado, que foi esta quinta-feira convocado por Rui Jorge para os Sub-21, mostrava que a combatividade e a intensidade valem mesmo a pena — e que disputar todas as bolas como se da última se tratasse é o que tantas vezes faz falta no futebol.

Até ao fim, já pouco aconteceu. O Sp. Braga venceu o Union Berlin na Pedreira (1-0), chegou aos 50 triunfos na Liga Europa e somou a segunda vitória em duas jornadas na fase de grupos da competição, deixando bem encaminhado o apuramento para a ronda seguinte. Num jogo que chegou a estar muito difícil e onde os minhotos nem sempre apresentaram a sua melhor versão, Vitinha deixou claro que é a melhor personificação do que é um verdadeiro guerreiro do Minho.