A presidente da Câmara dos representantes dos EUA, Nancy Pelosi, disse esta sexta-feira que planeia efetuar uma visita no fim de semana à Arménia, onde se cumpre pelo segundo dia um cessar-fogo após os recentes e violentos combates com o vizinho Azerbaijão.

Pelosi referiu em declarações aos “media” norte-americanos que viaja no sábado para a Arménia com uma delegação que inclui o republicano Jackie Speier, D-Calif, de ascendência arménia. Pelosi recusou fornecer mais detalhes sobre a deslocação, ao indicar que os membros do Congresso em viagem “não gostam de ser um alvo“.

“E todo o caso, trata-se de direitos humanos e do respeito pela dignidade e valor de qualquer pessoa”,considerou, e quando os combates desta semana entre os dois exércitos rivais junto à fronteira comum provocaram mais de 200 mortos.

O ministério da Defesa arménio disse neste dia que a situação na fronteira com o Azerbaijão permanece calma desde o cessar-fogo que entrou em vigor na quarta-feira às 08h00 locais, e não foram registadas violações da trégua.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Macron pede ao Azerbaijão para “regressar ao respeito do cessar-fogo”

O cessar-fogo seguiu-se a dois dias de fortes combates que assinalaram o mais grave reinício das hostilidades dos últimos dois anos.

A Arménia e o Azerbaijão acusaram-se mutuamente do reinício dos bombardeamentos, com as autoridades arménias a acusarem Baku de agressão injustificada e os responsáveis azeris a garantirem que responderam a ataques arménios.

Numa declaração proferida hoje no parlamento arménio, o primeiro-ministro Nikol Pashinyan disse que pelo menos 135 soldados arménios foram mortos nos combates, ao rever o anterior balanço de 105 baixas em combate. O ministério da Defesa arménio estimou ainda hoje que perdeu 77 militares.

Erevan acusa o Azerbaijão de ter ocupado 7,5 quilómetros de território arménio perto da cidade de Jermuk, uma estância termal no sul do país, e ainda 1,2 quilómetros numa outra região, e onde ainda permanecem.

A Arménia e o Azerbaijão declararam a independência em 1991 e o início do conflito, que se agudizou nos últimos meses, centrou-se em torno do enclave do Nagorno-Kharabak, região em território azeri, hoje habitada quase exclusivamente por arménios (cristãos ortodoxos), declarou a independência do Azerbaijão muçulmano após uma guerra no início da década de 1990, que provocou cerca de 30.000 mortos e centenas de milhares de refugiados.

Na sequência dessa guerra, foi assinado um cessar-fogo em 1994 e aceite a mediação do Grupo de Minsk (Rússia, França e Estados Unidos), constituído no seio da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE), mas as escaramuças armadas continuaram a ser frequentes, e implicaram importantes confrontos em 2018.

Cerca de dois anos depois, no outono de 2020, a Arménia e o Azerbaijão enfrentaram-se durante seis semanas pelo controlo do Nagorno-Karabakh durante uma nova guerra que provocou 6.500 mortos e com uma pesada derrota arménia, que perdeu uma parte importante dos territórios que controlava há três décadas.

Após a assinatura de um acordo sob mediação russa, o Azerbaijão, apoiado militarmente pela Turquia, registou importantes ganhos territoriais e Moscovo enviou uma força de paz de 2.000 soldados para a região do Nagorno-Karabakh.

Apesar do tímido desanuviamento diplomático, os incidentes armados permaneceram frequentes na zona ou ao longo da fronteira oficial entre os dois países.