O presidente do PSD, Luís Montenegro, acusou esta sexta-feira o Governo de ser responsável por haver, no início do ano letivo, “dezenas de milhares de alunos com falta de professores”.

“De uma forma global, a verdade é que haverá umas dezenas de milhares de alunos que vão iniciar o ano escolar sem professores, pelo menos a uma disciplina, que foi uma das marcas dominantes do último ano letivo”, afirmou o líder social-democrata, em declarações aos jornalistas.

Para Luís Montenegro, que visitou esta sexta-feira uma escola em Cinfães, no norte do distrito de Viseu, “é lamentável e muito reprovável que o Governo não tenha aproveitado aquilo que aconteceu no ano passado, para prevenir que a situação se pudesse repetir [este ano letivo]”.

“É preciso que o Ministério da Educação e o Governo encontrem soluções para este problema”, acentuou.

Ano letivo arranca para todos os alunos, mas não para todos os professores

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O líder da oposição esteve na Escola Básica 2,3 de Cinfães, onde falou com diretores e professores, que alertaram para a dificuldade de transportes dos alunos devido aos horários dos autocarros.

“No caso específico de Cinfães e das terras do interior, há necessidade de atender a circunstâncias, como o transporte de alunos e o tempo em que ficam retidos nas escolas”, anotou aos jornalistas, defendendo a necessidade de a tutela “tratar com alguma especificidade aquilo que no território são diferenças de circunstâncias, face àquilo que acontece nos grandes centros urbanos”.

Na conversa com os diretores do estabelecimento, foi também sinalizado o caso de haver, naquela escola de Cinfães, vários docentes, nomeadamente da cidade de Viseu, obrigados a fazer deslocações diárias de uma centena de quilómetros.

“Alguma coisa tem de se fazer em Portugal, nomeadamente, no ponto de vista do PSD, dando mais autonomia às escolas para que esse tipo de situação possa ter uma resposta mais efetiva e que possa, por essa via, chamar-se mais licenciados à atividade docente, com formação pedagógica”, defendeu.

Para Luís Montenegro, “faz sentido que as carreiras docentes sejam atrativas”.

“Isso significa que possam ter uma boa perspetiva de progressão, mas também alguma viabilidade naquilo que é uma dinâmica normal de qualquer cidadão”, referiu, prosseguindo: “Se um professor ganha mil e qualquer coisa euros, mas tem despesas, só de deslocação e alimentação, que quase cobrem a totalidade do seu rendimento, ele fica com um rendimento disponível muito limitado e, portanto, isso não é atrativo”.

Montenegro alertou, por outro lado, para as dificuldades observadas nos processos de recuperação da aprendizagem, na sequência da pandemia.

“Houve muitos alunos que tiveram dificuldades com o ensino à distância. Há um programa de recuperação de aprendizagens que já deveria a estar implementado, cujos resultados já deviam estar a ser conhecidos. Aquilo que nos vão dizendo é que há muitos alunos que ainda não recuperaram desse prejuízo e isso penaliza muito a igualdade de oportunidades”, concluiu.

Líder do PSD diz que Governo devia ter ido mais longe no apoio às empresas

O presidente do PSD teceu ainda considerações sobre o apoio às empresas, dizendo que o Governo devia ter ido mais longe na descida do IVA, no âmbito do pacote de medidas de apoio à economia.

“Do ponto de vista fiscal, [o Governo] também ficou muito aquém, por isso nós defendemos a baixa do IVA da eletricidade, do gás e dos combustíveis”, afirmou Luís Montenegro, em declarações aos jornalistas em Cinfães.

O líder social-democrata lamentou que, no apoio às empresas, “o Governo tenha ido por outra via”, que o PSD considera “insuficiente”, e frisou que “os próprios empresários já o têm dito”.

Anotou ainda que, tal como aconteceu com as medidas de apoio às famílias, o pacote para economia anunciado pelo Governo “vem muito tarde, quase fora de tempo, para que as empresas possam enfrentar as dificuldades que hoje têm, nomeadamente no setor energético e nos fatores de produção”.

Para o líder da oposição, “são medidas que estão muito inspiradas nas que o PSD apresentou, já no mês de agosto”.

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“Desse ponto de vista, o caminho está mais ou menos a ser trilhado no mesmo sentido, mas há aqui um logro, porque dá-se uma ideia de um montante que, afinal de contas, é quase todo consumido pelo crédito e não propriamente por ajudas diretas às empresas”, acentuou Luís Montenegro.