A Polónia inaugurou este sábado um canal que vai permitir aos navios chegar ao porto de Elblag a partir do mar Báltico sem passar por águas territoriais russas.

Até agora, para chegar ao alto mar, os barcos que saíam de Elblag tinham de percorrer uma península pertencente em parte à Polónia e noutra parte à Rússia, obrigando Varsóvia a pedir autorização a Moscovo para passar. “Era uma questão de abrir este caminho, para que não tenhamos de pedir permissão a um país que não seja amigo”, disse o Presidente polaco, Andrzej Duda, na cerimónia inaugural do canal, recordando o contexto da invasão russa da vizinha Ucrânia.

A Polónia, membro da União Europeia e da NATO, apoia firmemente Kiev.

Acessível para já apenas a pequenas embarcações, a via navegável aberta por este canal deverá permitir, quando estiver concluida, o acesso a Elblag de barcos com até 100 metros de comprimento, 20 metros de largura, de acordo com o Ministério das Infraestruturas da Polónia. As dragagens e o desenvolvimento de várias infraestruturas de transporte deverão estar concluídas até setembro de 2023 e o custo global do projeto está estimado em cerca de dois mil milhões de zlotys (420 milhões de euros).

A inauguração coincidiu com o assinalar de 83 anos desde a invasão soviética da Polónia durante a Segunda Guerra Mundial e demonstra, simbolicamente, o fim da palavra de Moscovo sobre a economia e o desenvolvimento de uma região que faz fronteira com o enclave russo de Kaliningrado.

Alguns milhares de pessoas com bandeiras brancas e vermelhas, as cores nacionais, reuniram-se à chuva para ver o navio técnico Zodiak II passar pelos portões e inaugurar o canal. O projeto desencadeou controvérsia entre os defensores da nova rota de acesso ao Báltico e ambientalistas que falaram de riscos para a fauna e flora que poderiam ser afetados pela evolução da salinidade da água do delta.

O governo diz que esta via navegável dá à Polónia a soberania total na região nordeste, que precisa de investimento e desenvolvimento económico.

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