Fernando Araújo ainda não anunciou formalmente se vai aceitar o convite de Manuel Pizarro para dirigir o Serviço Nacional de Saúde (SNS). Fonte próxima do ainda administrador do Hospital do São João diz ao Observador que essa decisão deverá ser tomada “até ao final desta semana”, depois de um primeiro encontro formal entre Araújo e a tutela. Há “pormenores” que Araújo quer acertar antes de anunciar a sua decisão.

É um novo compasso de espera, o segundo desde que o nome de Fernando Araújo foi anunciado como sendo a escolha do Ministério da Saúde para diretor executivo do SNS. Na semana passada, o administrador do São João atirou essa decisão — aceitar ou não o cargo de CEO do serviço público de saúde em Portugal — para depois da publicação do diploma que dava corpo a essa nova figura, a direção executiva.

Marcelo promulga diploma sobre direção executiva do SNS

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O diploma foi promulgado na sexta-feira por Marcelo Rebelo de Sousa e o caminho estaria, à partida, livre para que Araújo desse o passo em frente. Mas, ao Observador, fonte próxima do administrador hospitalar garante que ainda há “pormenores” por acertar entre Araújo e o ministério do recém-empossado Manuel Pizarro. Só depois de uma primeira reunião entre as duas partes, prevista para o final desta semana — e em que deverão participar o novo ministro, os secretários de Estado da área e o administrador hospitalar —, é que o provável novo CEO do SNS tomará uma decisão formal e anunciará a sua posição ao ministro da Saúde.

Não é claro que “pormenores” estão em causa. Mas, no sábado, já depois de o Presidente da República dar luz verde ao diploma, o ministro da Saúde veio garantir que a futura direção executiva do SNS terá “autonomia” para gerir o serviço público de saúde. “O nosso objetivo é termos uma Direção Executiva do Serviço Nacional de Saúde com condições de autonomia, o que significa que nós vamos naturalmente escolher o, ou a, diretor/diretora executivo/executiva e, depois, dar-lhe também total autonomia para constituir a sua equipa”, assegurava Manuel Pizarro no Porto, à margem do II Encontro de Administrativos de Saúde.

Presidente do Hospital de S. João, Fernando Araújo, escolhido para CEO do SNS

Mas o ministro não falou apenas de autonomia da direção executiva no SNS nessa intervenção. Pizarro admitiu também a necessidade de um reforço dos meios disponíveis para a gestão do SNS e alertou para a necessidade de aprofundar o funcionamento em rede dos serviços hospitalares. “Eu reconheço que, em alguns casos, serão necessários mais recursos, mais meios, mas não tenham nenhuma dúvida de que será necessário articularmos melhor os recursos que já temos, até porque os recursos não são seguramente infinitos.”

Essas garantias não terão sido, até ao momento, suficientes para que Fernando Araújo se comprometesse com o lugar para que foi convidado. De qualquer forma, fonte próxima do administrador do São João diz que, “muito provavelmente, a decisão será tomada até ao final da semana”.

Marcelo promulga novo estatuto do SNS mas com muitas dúvidas sobre nova direção executiva criada pelo Governo

“Portugueses esperam mais do SNS”, diz Marcelo

Marcelo promulgou no final da semana passada o diploma que consagra a nova direção executiva do SNS. Antes, o Presidente da República manifestou algumas dúvidas sobre o modelo que o Governo desenhou para a gestão do serviço público de saúde, mas admitiu que essas questões tinham sido esclarecidas pelo Executivo. Sobre o novo CEO, Marcelo foi mais parco em declarações.

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No sábado, à porta do Coliseu de Lisboa, o Presidente recorreu a uma formulação mais genérica sobre o possível futuro CEO do SNS. Marcelo limitou-se a dizer que terá a sua “opinião sobre a solidez da equipa”.

Mas havia um recado reservado para o tal futuro diretor executivo e também para o Ministério da Saúde. “O que portugueses esperam é que [a nova equipa da Saúde] seja um virar de página, aceitando o que houve de positivo no passado — o combate da pandemia e o esforço de recuperação” que sucedeu ao período mais crítico desse combate. “Os portugueses querem mais, anseiam por mais em relação ao SNS”, rematou Marcelo.