A população de Pulo, uma comunidade a 20 quilómetros da baía de Pemba, em Moçambique, está em fuga para Metuge depois de ter encontrado os corpos de dois residentes com sinais de homicídio com violência.

“Estamos a sair, eu estou a preparar-me para também sair” em direção à sede de distrito de Metuge, referiu um morador sob anonimato, dando conta da debandada da população.

Não são conhecidas as causas das mortes, mas os ataques de grupos armados que têm acontecido desde junho naquela faixa sul da província de Cabo Delgado fazem despertar de imediato os receios em comunidades que vivem em zonas remotas.

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“Estávamos à procura de caracóis, quando, de repente, o cão começou a farejar e levou-nos até onde estavam duas pessoas mortas e com feridas violentas no pescoço: achámos estranho e comunicámos aos demais”, disse um dos moradores que esteve no local, uma horta de milho e mandioca.

Os corpos foram identificados como pessoas de uma aldeia vizinha que costumavam caçar nas redondezas.

Um outro residente referiu que além da população de Pulo, também os moradores de outras comunidades – como a aldeia Ponto A – passaram a procurar refúgio junto de Metuge, a sede de distrito mais próxima.

Há moradores que pedem para ser protegidos pela ‘força local’, nome dados às milícias que têm recebido armas das autoridades para ajudar a controlar o território.

Metuge está situada à beira da baía de Pemba, do lado oposto à capital provincial, separadas por 10 quilómetros, de barco, ou 40 quilómetros, contornando o mar, por estrada.

O distrito costeiro tem sido, a par de Pemba, um dos mais sobrecarregados com deslocados em busca de segurança durante os cinco anos de insurgência.

A província moçambicana de Cabo Delgado, é rica em gás natural, mas, aterrorizada desde 2017, por rebeldes armados, sendo alguns ataques reclamados por grupo extremista Estado Islâmico.

Há cerca de 800.000 deslocados internos devido ao conflito, de acordo com a Organização Internacional das Migrações (OIM), e 4.000 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos, ACLED.

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Desde julho, uma ofensiva das tropas governamentais com apoio do Ruanda a que se juntou depois a Comunidade do Desenvolvimento da África Austral (SADC) permitiu recuperar zonas onde havia presença de rebeldes, junto aos projetos de gás, mas, a fuga destes tem provocado novos ataques, noutros distritos.