A Federação das Indústrias Portuguesas Agroalimentares (FIPA) pediu esta terça-feira uma “rápida atribuição” dos apoios ao setor, sob pena destes não chegarem a tempo às empresas em situação mais crítica devido aos “rápidos aumentos dos custos de produção”.

Em comunicado, a FIPA alerta para “que muitos dos operadores da indústria agroalimentar estão a ter dificuldades em manter o funcionamento dos seus negócios, em virtude dos rápidos aumentos dos custos de produção, o que pode colocar em causa o normal abastecimento alimentar no mercado nacional por parte de alguns setores mais expostos a esta crise”.

A federação “entende que as medidas recentemente apresentadas pelo Governo vão na direção correta, em particular pela resposta às preocupações que já vinha transmitindo à sua tutela e pela inclusão do setor agroalimentar, mas necessitam de ser mais ambiciosas“, mas alerta que “a rápida atribuição destes apoios se reveste da maior urgência, pelo que o acesso aos mesmos deve ser de imediato clarificado e desburocratizado, sob pena de não chegarem a tempo às empresas em situação mais crítica”.

A Federação das Indústrias Portuguesas Agroalimentares apelou ainda ao Governo para que, “face à proposta apresentada na semana passada pela Comissão Europeia de obrigar a reduzir o consumo de eletricidade em pelo menos 5% durante as horas de ponta, o executivo possa, em Bruxelas, defender o reconhecimento da indústria alimentar como um setor essencial que merece uma abordagem especial no que diz respeito ao acesso ao abastecimento de energia“.

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Além destas medidas, “a FIPA exorta o Governo a reativar, com urgência, o grupo de acompanhamento do abastecimento agroalimentar, pois foi o diálogo gerado durante a pandemia e o início da guerra que permitiu uma melhor identificação das necessidades e o desenho de soluções para manter o normal abastecimento alimentar do país”.

A FIPA sublinha que, durante o último ano, os custos de produção do agroalimentar “cresceram drasticamente”, apontando que “o gás natural, a eletricidade, os fertilizantes, os combustíveis, as matérias-primas de base, designadamente os cereais para a alimentação, humana e animal, os materiais de embalagem e o trabalho externo aumentaram para níveis difíceis de comportar”.

O aumento de custos teve início com a recuperação pós-covid devido às restrições da procura e da cadeia de abastecimento, “mas foram, entretanto, severamente agravados pela invasão russa da Ucrânia, relativamente à qual não se perspetiva o seu fim”.

A isto “juntam-se a dificuldade de recrutamento de mão-de-obra, a tributação de grande parte dos produtos à taxa normal de IVA e o peso do IRC”, refere a FIPA.

A dificuldade de reverter o aumento dos preços da energia, especialmente do gás natural e da eletricidade e das matérias-primas de base, como os cereais e oleaginosas, ameaçam a continuidade dos ciclos de produção agroalimentar e, por conseguinte, a capacidade de manter o normal abastecimento de produtos alimentares, incluindo os destinados à alimentação animal”, afirma Jorge Henriques, presidente da FIPA, citado em comunicado.