Depois do comunicado oficial do FC Porto e do posicionamento de Francisco J. Marques, agora foi a vez de Pinto da Costa, a título pessoal, comentar o apedrejamento do carro da família de Sérgio Conceição após a derrota frente ao Club Brugge para a Liga das Campeões. No editorial de setembro da revista Dragões, o presidente do clube falou de três das várias lições que aprendeu ao longo de “seis décadas de dirigismo desportivo e quatro de presidência do FC Porto” e guardou a última para os acontecimentos da semana passada.

“Terceira lição: somos muito mais fortes quando os nossos inimigos são só externos. É evidente que uma das formas de tentar derrubar-nos passa por procurar dividir-nos. É a isso que se dedicam muitos paineleiros, vários deles repetentes nessa tarefa quase sempre inglória. Mas não nos podemos limitar a resistir perante eles. Acima de tudo, não lhes podemos dar nenhuma razão para nos atacarem. E temos de ser absolutamente intolerantes em relação a atitudes de supostos portistas que se comportam como inimigos do clube. O que se passou com apedrejamento do carro da família do Sérgio Conceição depois de um jogo foi um acontecimento abjeto que merece o nosso repúdio”, escreveu Pinto da Costa, reiterando a certeza deixada por Francisco J. Marques de que os autores do apedrejamento, se forem sócios do FC Porto, serão “severamente penalizados”.

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Antes, na primeira lição que explorou, o presidente dos dragões abordou a luta pelo título — dias depois de o FC Porto ter empatado com o Estoril, estando agora a cinco pontos da liderança do Benfica. “Nenhum Campeonato está ganho ou perdido a 27 jornadas do fim. Na última época, por esta altura, tínhamos 17 pontos (mais um do que agora) e estávamos a quatro do líder (menos um do que hoje). Acabámos a época campeões e a bater o recorde de pontos da Liga. Claro que estar à frente é sempre melhor do que atrás. Mas a nossa posição atual, não sendo a desejável, não é sentença nenhuma”, acrescentou, deixando referências a Taremi e à “comunicação social de Lisboa” na segunda lição abordada no texto que tem como título “Unidos contra quem nos quer mal”.

“Quando ganhamos, os nossos inimigos reagem e intensificam os combates contra nós. Podia recuar mais de 40 anos e relembrar como é que nos tiraram o tricampeonato em 1980, depois do bi que quebrou 19 anos de jejum. Mas não preciso de ir tão longe. Todos se lembram do que nos impediu de ganhar em 2019, um ano depois de termos travado um penta que era dado como adquirido à partida. Nos últimos quatro meses ganhámos as três principais competições nacionais. Somos, por isso, um alvo a abater pelos mesmos de sempre. A campanha infame da comunicação social de Lisboa contra o Taremi é uma manifestação disso mesmo”, atirou, mencionando um comentador que terá dito que o carro da família do treinador foi apedrejado “por causa do discurso de denúncia do centralismo”. “É outro exemplo que prova, além disso, até que ponto pode ir o fanatismo pelo centralismo”, indicou Pinto da Costa.

Carro com mulher e dois filhos de Sérgio Conceição apedrejado à saída do Dragão após derrota com o Club Brugge

Por fim, em jeito de conclusão, o presidente do FC Porto explicou o que une as três lições. “Estas três lições convergem numa ideia: quanto mais unidos, mais possibilidades temos de combater quem nos quer mal e de contribuir para os sucessos das nossas equipas. Com menos adeptos, menos recursos e longe do centro do poder, temos ganho muito mais do que os outros. E temos todas as condições para continuar a fazê-lo. Juntos”, terminou.