O painel de 30 especialistas convidados para fazer a avaliação técnico-científica dos grandes incêndios rurais de 2022 vai reunir-se esta quarta-feira pela primeira vez no Ministério da Administração Interna (MAI), em Lisboa.

Segundo o MAI, a constituição deste painel de peritos, que reúne 30 personalidades provenientes de vários centros de investigação do país, resulta “da necessidade de analisar a particular severidade e complexidade de alguns incêndios deste ano, que exigiram um acionamento excecional de meios de resposta”.

Não obstante a taxa de sucesso da intervenção em ataque inicial situar-se nos 90% e de cerca de 80% dos incêndios rurais não apresentarem uma área ardida superior a um hectare, o facto de algumas das ocorrências terem tido uma duração pouco habitual, com impactos significativos no património natural e florestal, bem como em bens e infraestruturas, levou o Governo a definir um modelo de avaliação que tem como principal objetivo retirar lições e preparar os próximos anos”, refere o MAI.

A análise dos principais incêndios deste ano está a cargo da subcomissão de lições aprendidas da Comissão Nacional de Gestão Integrada de Fogos Rurais, que integra a orgânica da Agência para a Gestão Integrada de Fogos Rurais (AGIF), liderada por Tiago Oliveira.

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Segundo o Ministério tutelado por José Luís Carneiro, o painel de peritos vai contribuir para o processo de lições aprendidas.

Tiago Oliveira disse à Lusa que a subcomissão já começou a trabalhar, tendo escolhido um conjunto de incêndios que deflagram este ano para os analisar, observar os problemas e otimizar as melhorias que possam ser introduzidas.

O presidente da AGIF referiu que os peritos vão dar os seus contributos à subcomissão e o relatório final contará com a análise feita pelo painel de especialistas e pela subcomissão que funciona no seio da AGIF desde abril. Os critérios de funcionamento desta comissão obedecem a conceitos criados pela NATO.

O último relatório do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) avança que o ano de 2022 apresenta, até ao dia 31 de agosto, o sexto valor mais elevado em número de incêndios e o quarto valor mais elevado de área ardida desde 2012.

Segundo o ICNF, entre 1 de janeiro e 31 de agosto, ocorreram 9.701 incêndios rurais que resultaram em 106.639 hectares (há) de área ardida, entre povoamentos (54.328 ha), matos (42.367 ha) e agricultura (9.944 ha).