As administrações públicas registaram um excedente de 0,8% do Produto Interno Bruto (PIB), no primeiro semestre, de acordo com dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), revelados esta sexta-feira.

“Considerando valores para o conjunto do 1.º semestre de 2022, o saldo das AP [administrações públicas] foi também positivo (0,8% do PIB), registando-se uma melhoria expressiva deste indicador face não só aos semestres homólogos de 2020 e 2021, marcados pela pandemia COVID-19, mas igualmente face a 2019″, revela o INE.

Para o primeiro trimestre do ano, o INE estimava que tenha existido não um excedente mas um défice orçamental, de 0,4% do PIB. Já no segundo trimestre, visto isoladamente e não em termos acumulados, houve um excedente de 1,9%. Para este ano, o Governo prevê um défice orçamental de 1,9%.

Primeiro trimestre do ano com défice de 0,4% do PIB

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O resultado para o primeiro semestre resulta de um aumento da receita em 12,4% e de uma redução da despesa em 3%. A evolução da receita explica-se com a “recuperação da atividade económica“, assim como do mercado de trabalho no pós-pandemia e com o “efeito do aumento dos preços“. Como resultado, a receita fiscal subiu 20,7% enquanto as contribuições avançaram 7,9% e as vendas 16,5%.

No caso da despesa, o INE salienta a diminuição dos subsídios e dos encargos com juros, em 72,8% e 11,4%, respetivamente.

Fonte: INE

Despesa na saúde leva a ligeira revisão em alta do défice de 2021 para 2,9%

O défice no final de 2021 atingiu os 2,9% do PIB no final do ano passado, de acordo com o reporte sobre os défices excessivos, divulgado pelo INE. Este valor foi revisto em ligeira alta, mais 0,1 pontos percentuais face aos dados divulgados em abril, quando se apontava para um défice público de 2,8% no ano passado.

Já o défice de 2020 ficou nos 5,8%. O organismo explica que as revisões efetuadas aos dados de 2021 resultaram da incorporação revista para as contas do Serviço Nacional de Saúde (SNS). A despesa foi revista em alta em 810 milhões de euros, enquanto a receita foi elevada em 571 milhões de euros. Em consequência das alterações, a despesa do consumo final das administrações públicas foi 240,7 milhões de euros mais alta que o inicialmente estimado. Já para o ano de 2020, a despesa foi revista em 269 milhões de euros em baixa.

Poupança das famílias em queda

A taxa de poupança das famílias diminuiu 1,4 pontos percentuais no segundo trimestre do ano, face ao trimestre anterior, o que, segundo o INE, foi resultado do aumento do consumo privado em 2,7% superior ao crescimento do rendimento disponível (1,2%). A taxa de poupança fixou-se, assim, em 5,9% do rendimento disponível bruto.

Estas variáveis estão em termos nominais, “o que, no caso do consumo privado, significa que a sua evolução é marcada pela aceleração dos preços evidenciada pelo comportamento do Índice de Preços no Consumidor no 2º trimestre de 2022 incluindo o IVA pago pelas famílias”, frisa o INE.