Apenas o presidente da Câmara de Caminha deixou o cargo durante o primeiro ano após as autárquicas, mas já há autarcas que anunciaram que não vão cumprir o mandato até ao fim, estando a preparar a sua sucessão.

No Seixal (distrito de Setúbal), Joaquim Santos anunciou em agosto a renúncia ao seu mandato, mas ainda se mantém à frente deste município, enquanto em Cascais (Lisboa) Carlos Carreiras (PSD) pediu à concelhia do PSD para ir preparando a sua substituição. Já José António Jesus (PSD), eleito presidente em Tondela (Viseu), pediu a suspensão do mandato enquanto aguarda por um recurso de uma condenação por um crime de peculato e dois de falsificação de documento.

O ex-presidente da Câmara de Caminha Miguel Alves renunciou ao cargo no seu terceiro mandato nesta autarquia do distrito de Viana do Castelo, após a sua nomeação, pelo primeiro-ministro, para as funções de secretário de Estado Adjunto de António Costa.

Miguel Alves, de 46 anos, natural de Lisboa e licenciado pela Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, é um dos dirigentes socialistas mais próximos do atual líder do executivo e a sua entrada na equipa de António Costa destina-se a reforçar a coordenação política do Governo.

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O ex-autarca tomou posse no Governo no dia 16 deste mês e foi substituído na presidência de Caminha por Rui Lages, de 34 anos, até agora o vice-presidente da Câmara.

Em 26 de novembro de 2021, José António Jesus (PSD), eleito em setembro desse ano, pela terceira vez consecutiva, presidente da Câmara de Tondela (distrito de Viseu), foi condenado pelo Tribunal de Viseu a cinco anos de prisão, com pena suspensa, e a perda de mandato por um crime de peculato e dois de falsificação de documento.

José António Jesus pediu a suspensão do mandato a partir de janeiro, por 180 dias, acabando por prorrogar este período em julho, enquanto espera o resultado de um recurso.

No terceiro mandato consecutivo, o que o impediria de se recandidatar em 2025, o presidente da Câmara Municipal do Seixal, Joaquim Santos (CDU), anunciou em agosto a sua renúncia de mandato, passando a liderança da autarquia ao atual vice-presidente, Paulo Silva.

Joaquim Santos fez este anúncio na sua página no Facebook, explicando que terminará esta etapa de mais de 20 anos de exercício de poder local para poder voltar à sua carreira profissional, como engenheiro civil, mas realçou que ficará no cargo durante algum tempo para preparar a transição, num município onde a CDU perdeu a maioria absoluta e elegeu ainda cinco mandatos.

“Continuarei a ser militante do PCP e irei ter novas tarefas no meu partido. Não é já a despedida de presidente da Câmara Municipal, irei continuar durante algum tempo para preparar o novo plano de atividades e orçamento de 2023 para que a transição se faça com todas as condições e que esta Câmara Municipal continue do lado dos cidadãos, do desenvolvimento e da qualidade de vida”, disse, numa mensagem dirigida aos munícipes em 10 de agosto.

Carlos Carreiras, presidente da Câmara de Cascais, também no terceiro mandato e desta vez eleito com maioria absoluta, poderá renunciar em breve ao cargo, segundo admitiu o próprio no final de julho.

A página ‘online’ Cascais24Horas tinha revelado que Carreiras manifestou, num plenário da Concelhia do PSD, a intenção de abandonar o cargo.

Carlos Carreiras confirmou posteriormente ao Diário de Notícias pretender renunciar antes do fim do mandato, mas a renúncia ainda não tem data marcada. Carreiras, antigo gestor de hotelaria e turismo, pretende regressar à atividade privada, deixando o lugar ao seu atual vice-presidente, Miguel Pinto Luz, também vice-presidente do PSD.

Além dos presidentes eleitos, renunciaram ao cargo de vereadores na oposição alguns dos antigos presidentes de câmaras que foram derrotados nas autárquicas do ano passado.

Antes de ser ministro das Finanças, Fernando Medina já tinha renunciado ao lugar de vereador, após ter sido derrotado na câmara de Lisboa. Também Manuel Machado (PS), ex-presidente da câmara de Coimbra e ex-presidente da Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP), renunciou ao cargo de vereador na oposição, assim como Bernardino Soares (CDU) em Loures, José Veiga Maltez (PS) na Golegã, Pedro Ribeiro (PS) no Cartaxo, Nuno Mocinha (PS) em Elvas e Adelaide Teixeira (CLIP — movimento de cidadãos) em Portalegre.

Nas eleições autárquicas de 26 setembro de 2021, o PS conquistou 149 câmaras (uma em coligação), o PSD ganhou em 114 (em listas próprias e com outros partidos) e a CDU (PCP/PEV) conquistou 19 dos 308 municípios do país.

Os grupos de cidadãos eleitores (independentes) venceram em 19 câmaras, o CDS-PP em seis e o JPP numa.