As autoridades angolanas detiveram 12 pessoas nas horas que antecederam a manifestação convocada pela UNITA e agendada para as 13h deste sábado.

De acordo com o jornal angolano Novo Jornal, que cita um comunicado da Polícia Nacional e do Serviço de Investigação Criminal (SIC), as 12 pessoas foram detidas “por terem divulgado nas redes sociais, Facebook, Instagram e Whatsapp, vídeos e áudios e textos que colocam em perigo a estabilidade social”.

Porém, não é especificado o conteúdo dos tais vídeos, áudios e textos.

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O comunicado das autoridades dando conta das detenções foi divulgado poucas horas antes do arranque de uma grande manifestação no centro de Luanda, convocada pela UNITA, para contestar os resultados das eleições gerais de 24 de agosto de 2022 — que deram a vitória a João Lourenço e mantiveram o MPLA no poder, que ocupa desde 1975.

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Segundo o comunicado das autoridades angolanas, os 12 indivíduos foram identificados através de “ações operacionais” — e foram com o objetivo de “garantir a segurança e a tranquilidade das populações”.

Os detidos foram apresentados ao Ministério Público e encontram-se agora sob medidas de coação diversas, incluindo alguns em prisão preventiva, devido à “gravidade dos factos”.

As autoridades afirmam ainda que vão continuar a ser “implacáveis no combate a todas as práticas criminosas”.

A partir das 13h, milhares de apoiantes da UNITA deverão marchar pelas ruas de Luanda para contestar os resultados eleitorais. O partido da oposição diz que os resultados são falsos e foram manipulados para dar a vitória ao MPLA, como disse o líder do partido, Adalberto da Costa Júnior, num artigo de opinião publicado no Observador esta sexta-feira.

“O partido Estado que há 46 anos domina a governação teima em não aceitar a sua derrota e a vontade de todo um Povo”, escreveu.

“Este sábado chegou a hora de enchermos a rua com a nossa alegria, com as nossas músicas e orações, velhos e novos, em família, com os amigos, vamos celebrar a soberania do Povo e honrar a democracia”, apelou o líder da UNITA.

“Uma vigília pela paz e pela democracia, vestidos de branco, com lenços brancos e de outras cores também, dizendo NÃO à violência, todos seremos poucos para mostrar ao Mundo não ser possível adiar aquilo que é a vontade massiva dos angolanos. Por Angola continuaremos a lutar”, acrescentou.

No final de agosto, Adalberto da Costa Júnior já tinha admitido contestar os resultados eleitorais na rua e tinha responsabilizado o governo angolano por eventuais situações de violência.