O dirigente Carlos Viana, da Casa do Brasil em Lisboa, defendeu esta segunda-feira que a votação dos brasileiros em Portugal para as próximas eleições presidenciais no seu país será “mais equilibrada” do que em 2018, com a participação dos jovens.

“A comunidade brasileira é muito dividida em classes sociais, porque a desigualdade social do Brasil se reproduz aqui” e os mais ricos, que votam no candidato Jair Bolsonaro, têm aumentado muito em Portugal nos últimos anos, considerou Carlos Viana em declarações à Lusa.

Por isso, hoje o nível de gente com formação universitária na comunidade brasileira em Portugal já “é muito mais alto” do que o que existe no Brasil.

Em 2018, o atual Presidente e candidato brasileiro Jair Bolsonaro, ganhou por esmagadora maioria, com mais vantagem, proporcionalmente ao conjunto de eleitores que votaram, do que no próprio Brasil, recordou o membro da direção da Casa do Brasil em Lisboa.

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Isto quer dizer que “o candidato Bolsonaro tem muitos admiradores, eleitores fiéis aqui”, acrescentou.

Mas “eu penso que esse crescimento de alguns milhares de pessoas de média alta, e ricos mesmo, que passaram a viver em Portugal é compensado pelo crescimento da imigração mais modesta”, afirmou.

Isto, aliado à “deceção” dos que votaram Bolsonaro nas últimas eleições e ao crescimento do voto de estudantes, sobretudo dos universitários, com maior consciência política e a um grande recenseamento de jovens irá, na opinião de Carlos Viana, pelo menos equilibrar a votação.

“Houve muitos jovens a recensearem-se no consulado”, frisou e hoje são 80 mil eleitores que vão votar em Portugal considerou, apelando a que todos votem mesmo no próximo dia 2 de outubro, data marcada para as próximas eleições presidenciais no Brasil.

Carlos Viana assinalou também que nas próximas eleições o candidato Lula da Silva representa uma coligação de dez partidos, não é um candidato só do PT.

“A verdadeira onda, que a gente chama de bolsonarista, que houve em 2018, não vai se repetir”, considerou.

A Casa do Brasil, que é uma associação de apoio a todos os brasileiros imigrantes, “não tem candidato”, como sublinhou o seu dirigente, mas tem assumido uma posição contra o governo de Jair Bolsonaro, esclareceu, nomeadamente desde a pandemia de Covid-19.

Essa polarização que a gente acompanha lá no Brasil, a gente percebe ela aqui em Portugal, muito nitidamente, e em Braga também”, refere por seu lado a presidente da UAI — Associação Sociocultural Luso-brasileira de Apoio à Integração em Portugal.

Alexandra Gormiche diz que a tendência para o voto no Bolsonaro é justificada pelos imigrantes brasileiros “pelos modelos existentes” nestas eleições, um mais conservador outro mais progressista.

“O perfil do imigrante em Braga é bem heterogéneo, nós temos famílias com rendimentos do Brasil e que vivem aqui, que têm um poder aquisitivo mais alto, mas também temos muitas pessoas que têm vindo em busca de trabalho”, explicou.

Por isso, “esta eleição para mim é uma incógnita”, acrescentou. “A gente espera um segundo turno entre o Lula e o Bolsonaro, mas só quando o resultado sair a gente vai ter certeza”, realçou.

No concelho de Braga estima-se que residam cerca de 15 mil brasileiros.