O presidente da Iniciativa Liberal considerou esta segunda-feira que o isolamento a que o interior do país “está condenado” é também mental e defendeu que a descentralização de competências deve ser acompanhada da descentralização das decisões.

O isolamento a que alguma parte do interior de Portugal está condenado não é só um isolamento geográfico, é também um isolamento mental, não se lembram do interior quando ele é mais necessário”, criticou João Cotrim Figueiredo.

Neste sentido, defendeu que “um país que não se desenvolve harmoniosamente acaba por não se desenvolver de todo e acaba por criar problemas de despovoamento no interior e os problemas de sobrepovoamento no litoral e é algo que tem claramente de se inverter”.

João Cotrim Figueiredo falava no final de uma visita à Fundação Lapa do Lobo, concelho de Nelas, Viseu, distrito onde esteve nos últimos três dias a cumprir mais uma Rota Liberal que têm como objetivo o “contacto com os problemas”.

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Para combater este “isolamento mental”, defendeu que as Rotas Liberais são uma das formas de o fazer, uma vez que outro dos objetivos desta iniciativa do partido é “também mostrar o que de magnífico” se faz pelo país e são “coisas absolutamente extraordinárias”.

Outro dos combates passa pela “descentralização das decisões”, defendeu Cotrim Figueiredo, e “não só das competências e não só dos recursos parcos que ainda está a ser gasto com as atividades que são descentralizadas”.

E aquilo que tem sido feito, desde que a lei da descentralização de competências para as autarquias entrou em vigor, carece já, do nosso ponto de vista, de uma análise de balanço séria, porque não está a funcionar”, defendeu.

Isto porque, justificou, além da falta de descentralização de decisões, também “a transferência que é feita dos recursos, quando é feita, é feita com base no que existe atualmente” e isso poderá traduzir-se na “duplicação de recursos”.

Por isso, reforçou que “já podia estar a ser feito” um balanço da lei de delegação de competências e, nesse sentido, assumiu que foi no distrito de Viseu que começou a pedir “recolha de dados” às Comunidades Intermunicipais (CIM) e às autarquias individualmente.

Vai conduzir a uma revisão mais profunda da lei da delegação de competências e nós tomaremos essa iniciativa logo que tivermos esse conjunto de dados devidamente processados. (…) Não tenho dúvidas que vamos ter uma revisão profunda”, assumiu.

Em jeito de balanço, Cotrim Figueiredo disse ainda que se nota “uma subalternização” nas regiões que têm sido comandadas “sempre pelo PS, que tem essa tendência para esquecer as promessas que faz”, como “naqueles onde o PSD teve responsabilidade durante muitos anos”.

“Mesmo quando os problemas são claramente identificados, já constaram de orçamentos anteriores, já estiveram em planos ferroviários, já estiverem em PRR [Plano de Recuperação e Resiliência] e continuam a não avançar, coisa que achamos muito difícil de explicar”, apontou.