A teoria de que o túmulo de Tutankhamon, no Vale dos Reis, esconde uma entrada secreta para o túmulo de Nefertiti não é nova, mas Nicholas Reeves, um dos seus principais defensores, acredita ter encontrado novas evidências que ajudam a sustentá-la.

O antigo curador do Departamento de Antiguidades Egípcias do British Museum, em Londres, descobriu que os cartuchos no túmulo de Tutankhamon que mostram o faraó a ser sepultado pelo seu sucessor, Ay, foram pintados por cima de outros, que descreviam o enterro de Nefertiti, mulher de Akhenaton, pai do famoso rei do Egito.

Nicholas Reeves explicou ao The Guardian que “uma inspeção atenta dos cartuchos de Ay revelou traços claros da existência de um nome anterior, o de Tutankhamon”. Na sua versão inicial, a cena que mostra Ay a realizar o ritual da “abertura da boca” representava o filho de Akhenaton “a fazer os ritos funerais do dono original do túmulo, o seu antecessor, Nefertiti”, que sucedeu a Akhenaton no trono do Egito.

Descoberto túmulo da rainha egípcia Nefertiti?

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“Esta conclusão encontra confirmação nos perfis faciais das figuras — (…) precisamente o contorno facial padronizado adotado para as representações oficiais de Tutankhamon no início de seu reinado. O rosto da múmia tem indiscutivelmente os traços característicos de Nefertiti. A cena começou por ser um registo de Tutankhamon a oficializar o enterro do seu antecessor”, afirmou o egiptólogo.

Na opinião do antigo curador do British Museum, a descoberta dos antigos cartuchos sustenta a teoria de que o túmulo de Tutankhamon ocupa apenas uma parte de um complexo muito maior “preparado e ocupado” por Nefertiti.

Em 2015, Nicholas Reeves publicou um artigo científico em que argumentou que o túmulo de Tutankhamon esconde uma entrada para o túmulo de Nefertiti. Reeves sustentou a teoria com recurso a imagens de alta resolução da cripta do faraó, que alegadamente indicam a existência de duas entradas para compartimentos ainda não explorados. A “descoberta” foi classificada como inconclusiva por outros investigadores.

As novas evidências fazem parte do novo livro de Reeves, uma nova edição de The Complete Tutankhamon, publicados pela primeira vez há 30 anos e há muito esgotado. O volume vai ser publicado a 28 de outubro, pela Thames & Hudson