O presidente da Câmara da Póvoa de Varzim, no distrito do Porto, o vice-presidente da autarquia e o presidente da Assembleia Municipal receberam esta terça-feira ameaças de morte, através de uma mensagem, acompanhada por uma bala, dentro de envelopes.

A ocorrência foi dada a conhecer pela autarquia, através de um comunicado, no qual descreve que os envelopes foram deixados à porta da Câmara Municipal, endereçados ao presidente, Aires Pereira, e ao seu vice-presidente, Luís Diamantino, mas também na porta do local do trabalho do presidente da Assembleia Municipal, Afonso Pinhão Ferreira.

Os conteúdos eram iguais, quer no objeto, quer na dedicatória: uma bala para cada um, acompanhada destes dizeres: ‘Não é uma ameaça, muito menos um aviso, é uma previsão. Ou uma destas na testa. A vossa escolha é fácil. Não vamos gastar mais munições com envelopes'”, pode ler-se no comunicado da autarquia.

No mesmo texto é dito que a ocorrência foi “de imediato participada às autoridades de investigação criminal”, com a informação de que as mesmas ameaças “também circulam nas redes sociais”.

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Em declarações à Rádio Observador, o presidente da autarquia, Aires Pereira, adianta que “valoriza as ameaças” e que “está preocupado”. “É um assunto que merece cuidados”, avisa. O autarca revela que ainda não há suspeitos, apesar de as autoridades estarem a analisar imagens de videovigilância. Aires Pereira espera ter respostas “o mais depressa possível” e garante que está disponível para colaborar na investigação da PSP.

O incidente aconteceu um dia depois de a Câmara ter iniciado o processo de demolição da Praça de Touros da Póvoa de Varzim, tendo a autarquia feito uma relação entre a intervenção e a ocorrência desta terça-feira.

Não nos antecipando às conclusões a que as perícias laboratoriais conduzirão, adiantamos o que aos poveiros mais atentos parece óbvio: que esta tresloucada ameaça, absolutamente imprópria em meios civilizados e democráticos, não é mais que a tentativa desesperada de uma minoria de impedir a concretização de uma deliberação legitimada pelo voto”, acrescenta o texto divulgado pela autarquia.

À Rádio Observador, Aires Pereira garante no entanto que o processo de demolição não vai parar. “Nós estamos a prosseguir com os nossos compromissos e missão. Não são ameaças destas que vão alterar o nosso procedimento e o mandato para o qual estamos legitimados pelo povo da Póvoa de Varzim”, afirma.

Recorde-se que a praça de touros da Póvoa de Varzim começou na segunda-feira a ser demolida, depois de um interregno de dois anos devido a uma providência cautelar interposta por uma associação local, a que o tribunal não deu provimento.

Ouça aqui as declarações do presidente da Câmara, Aires Pereira, à Rádio Observador:

Ameaças de morte. “Preocupa-me, mas não me demove. Demolição de praça de touros vai continuar”, garante autarca da Póvoa de Varzim

As operações começaram depois de a autarquia ter recebido, na quinta-feira, a informação de que a decisão do Tribunal Administrativo e Fiscal do Porto transitou em julgado, dando ‘luz verde’ para que as obras para a construção de um pavilhão multiusos, que vai ser erguido no mesmo local, possam avançar.

A empreitada, com um custo previsto de cerca de nove milhões de euros, foi anunciada em 2019, mas no ano seguinte, já depois do lançamento do concurso público, o processo de demolição foi travado pela justiça, na sequência de uma ação movida pela Patripove (Associação de Defesa e Consolidação do Património Poveiro).

A associação considerava que o equipamento devia ser “preservado e não demolido”, apontando que o mesmo faz parte “do património imaterial da memória de gerações de poveiros e da memória da cultura popular portuguesa”.

Artigo atualizado às 22h30 com as declarações do presidente da Câmara da Póvoa de Varzim, Aires Pereira, à Rádio Observador