Portugal espera que o novo governo italiano de extrema-direita, liderado por Giorgia Meloni, cumpra todas as suas obrigações assumidas no quadro da União Europeia (UE), declarou esta terça-feira o ministro dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho.

A Itália é um país democrático. Reconhecemos toda a legitimidade ao povo italiano de escolher quem entender para governar o seu país e trabalharemos com o governo italiano”, afirmou Gomes Cravinho à margem do lançamento de um selo solidário com o povo ucraniano.

“Temos expectativas que o governo italiano saiba cumprir todas as suas obrigações assumidas no quadro da União Europeia (UE) e, portanto, aguardamos agora para ver quais são as decisões concretas a assumir pelo futuro governo italiano”, disse o ministro português.

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João Gomes Cravinho também sublinhou que “a Itália é um país importante no quadro europeu exatamente devido à sua escala e também à sua história”.

A Itália é um dos seis membros fundadores da União Europeia e, portanto, a nossa expectativa é que o futuro Governo italiano, ou qualquer outro, cumpra as suas obrigações face à União Europeia”, reforçou o ministro dos Negócios Estrangeiros.

João Gomes Cravinho falou aos jornalistas no final da cerimónia de lançamento pelos CTT de um selo solidário com o povo ucraniano. As verbas angariadas com o selo serão revertidas para ações em favor da Ucrânia.

O partido de extrema-direita Irmãos de Itália (FdI), de Giorgia Meloni, venceu as eleições de domingo com 26 por cento dos votos, e a coligação que lidera obteve uma maioria clara no parlamento, segundo resultados finais publicados esta terça-feira.

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A Liga, de Matteo Salvini, conseguiu 8,8% dos votos (contra 13% em 2018), e a Força Itália, do ex-primeiro-ministro Silvio Berlusconi, 8,1% (14% em 2018), de acordo com os números do Ministério do Interior italiano. A coligação destes três partidos e de uma formação mais pequena com menos de 01% obteve 43,8% dos votos.

Estes resultados da coligação liderada por Meloni traduzem-se em 237 dos 400 lugares na Câmara dos Deputados, e em 115 dos 200 lugares no Senado.

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O Partido Democrata (PD), de centro-esquerda, foi o segundo mais votado, com 19% dos votos nas eleições legislativas antecipadas. Em conjunto com os seus aliados verdes e de esquerda, terá 84 lugares na Câmara dos Deputados e 44 no Senado.

O Movimento 5-Estrelas obteve 15,4% dos votos, o que lhe vale 52 lugares na Câmara dos Deputados e 28 no Senado. A aliança centrista Azione conseguiu 7,8% dos votos e ocupará 21 lugares na Câmara dos Deputados e nove no Senado. Os lugares restantes serão distribuídos por partidos mais pequenos.