O presidente da Confederação do Turismo de Portugal (CTP) disse esta terça-feira ao Primeiro-ministro que os empresários do setor sentem que o Governo se esqueceu “do motor da economia”, com medidas de apoio que não chegaram ou são insuficientes.

Esta posição foi transmitida por Francisco Calheiros no discurso de abertura da 6.ª Cimeira do Turismo, para assinalar o Dia Mundial do Turismo, em Lisboa, onde marcou também presença o primeiro-ministro, António Costa.

“Senhor primeiro-ministro, deixe-me passar-lhe um bocadinho o que é hoje em dia o sentimento das associações dos empresários do turismo: dá ideia que se esqueceram do turismo, esqueceram-se do motor da economia“, afirmou o presidente da CTP.

Francisco Calheiros lembrou que a confederação que lidera foi das primeiras a congratular-se pelas medidas de apoio às empresas que o Governo anunciou no início da pandemia, bem como a primeira a congratular-se pela maioria absoluta alcançada pelo PS nas últimas eleições legislativas.

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“Infelizmente, boa parte das medidas anunciadas pelo Governo para apoiar empresas ou ainda não chegaram, ou são insuficientes”, considerou o presidente da CTP, referindo-se também às recentemente anunciadas medidas para apoiar as empresas a combater a inflação.

O responsável defendeu que o Governo “poderia e deveria ir muito mais longe” e que as empresas precisam de mais do que “paliativos pontuais”, destacando a necessidade de medidas fiscais.

Relativamente ao novo aeroporto, Francisco Calheiros vincou que se trata de uma questão que “não pode continuar” por decidir.

“Temos de decidir e já. Pedimos que tendo esta maioria absoluta, use-a”, instou o presidente da CTP, lembrando que a indecisão sobre o novo aeroporto já tem um custo de pelo menos 7.000 milhões de euros, segundo um estudo encomendado pela confederação.

Realçando os bons resultados do turismo português no verão, que em indicadores como dormidas e número de hóspedes já ultrapassou os de 2019, o melhor ano turístico do país, Calheiros frisou que “sem apoio muito claro do Governo para enfrentar tempestade perfeita porque passamos”, agravada pela guerra na Ucrânia, “será muito mais difícil” recuperar totalmente as empresas, fragilizadas pela pandemia.

“Mas desenganem-se os mais desatentos que estaremos disponíveis para validar acordos que não sejam devidamente discutidos em concertação social”, apontou o responsável, recordando o que aconteceu com a Agenda do Trabalho Digno, que, para a CTP, foi aprovada através de “acordos políticos com matérias lesivas” para as empresas.