O antigo ministro da Economia e diretor do departamento de Economia da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), Álvaro Santos Pereira, defendeu esta terça-feira “prudência” orçamental, para evitar problemas futuros, e o regresso de reformas.
A posição de Álvaro Santos Pereira foi transmitida durante uma entrevista ao jornal Eco, transmitida durante a conferência “O impacto da nova ordem mundial na economia europeia”, organizada por este órgão de comunicação social, no Centro Cultural de Belém, em Lisboa.
Acho que a prudência tem de ser uma nota-chave e tem de continuar nos próximos tempos”, disse, vincando que Portugal tem uma “dívida muito elevada“.
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Para o economista, “é fundamental que a prudência fiscal continue senão podemos ter problemas no futuro e tem de ser a política central da política económica nos próximos anos”.
Quando questionado sobre a necessidade de reformas, Álvaro Santos Pereira sublinhou que a OCDE aconselha que “os países tenham sempre espírito reformista”.
Devíamos aproveitar estes períodos mais difíceis para avançar com algum tipo de reformas, para podermos crescer mais rapidamente no futuro”, afirmou, acrescentando que Portugal não faz “reformas estruturais há algum tempo”, pelo que, diz, “está na altura de voltarmos a esse tipo de reformas”.
Como prioridade para o próximo ano, aponta a administração pública, mas admite ser “uma reforma difícil politicamente”.
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O responsável da OCDE defendeu ainda que os bancos centrais devem continuar a ter um papel forte nos próximos tempos, considerando fundamental uma política restritiva de forma a quebrar a inflação.
A organização, indicou, estima que o Banco Central Europeu deverá fazer com que as taxas de juro cheguem a 4% no próximo ano, enquanto para a Reserva Federal norte-americana alcancem 4,6%.
Contudo, alertou, que “não podem ser só os bancos centrais a fazer o ajustamento”, sendo “fundamental que a política fiscal contribua”.
“É preciso que a política fiscal não seja expansionista”, vincou, justificando que tal iria levantar dificuldades à ação dos bancos centrais, acrescentando ser preciso que “os apoios a níveis fiscais” sejam “concentrados nas famílias vulneráveis, nos setores que sejam precisos e temporários e não estímulos generalizados”.