O PS na Assembleia Municipal de Lisboa alertou esta terça-feira que não vai passar um cheque em branco a Carlos Moedas (PSD) para governar a cidade, exortando o presidente da Câmara a apresentar com tempo o próximo orçamento municipal.

Em conversa com os jornalistas para assinalar um ano de eleições autárquicas, Manuel Portugal Laje, líder da bancada socialista na Assembleia Municipal (AM) de Lisboa, disse que os deputados não têm tido tempo para analisar convenientemente as propostas que a câmara lhes envia, muitas vezes em cima da hora, destacando que não vão “permitir a entrada em loucuras que não têm sustentabilidade” e precisarão de tempo para fazer ajustes.

O PS não quer que tudo corra mal. Nós não queremos ganhar a câmara daqui a três anos e ter a câmara como tivemos quando o dr. António Costa ganhou Lisboa”, disse.

“Portanto, não o vamos aprovar às cegas. Ou o presidente explica, ou não vamos aprovar o orçamento”, mesmo que tenha de governar a câmara com duodécimos, afirmou, sublinhando que Carlos Moedas não governa com maioria absoluta e “tem de perceber que há questões em que tem mesmo” de consultar a AM.

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Manuel Laje disse que “há uma chantagem permanente do presidente da câmara quanto à AM, ao remeter propostas de terça para sexta”.

Como exemplo de medidas que gostaria de ter analisado melhor, indicou os passes gratuitos para estudantes, aprovados por unanimidade.

Além das queixas de estudantes do ensino superior sem residência fiscal em Lisboa, que Carlos Moedas afirmou já estar a tentar resolver, Manuel Laje realçou que a medida também deixa de fora os repetentes do 12.º ano ou quem tenha perdido pelo menos um ano por alguma razão no ensino secundário, porque a formulação estabelece que só têm direito a passe gratuito os jovens que frequentem o ensino não superior com idade até aos 18 anos.

Se tivesse tido tempo para verificar estas ‘nuances’ da lei, o PS não a teria aprovado sem que estas injustiças fossem corrigidas, assegurou.

“No caso de queremos estudar a proposta mais um bocadinho, acusam-nos de ser uma força de bloqueio”, destacou, realçando que, em 700 propostas na Câmara de Lisboa, o PS só chumbou quatro delas, enquanto na AM os socialistas não votaram contra nenhuma proposta, embora tenha remetido algumas para análise em comissões.

Nós aprovamos as medidas que são benéficas para a cidade, que são a maioria delas, mas não passamos cheques em branco ao engenheiro Carlos Moedas para governar a cidade como quiser”, disse, sublinhando que este ano o PS faz questão de ouvir todos os vereadores antes de aprovar o documento.

Manuel Laje acusou ainda o executivo de Carlos Moedas de não assumir responsabilidades, nomeadamente quanto à gestão do lixo na cidade, e considerou mesmo existir “uma estratégia política para responsabilizar” as juntas de freguesia, maioritariamente socialistas, para prejudicar o PS.

Um ano após o início do mandato de Moedas em Lisboa, os socialistas destacaram ainda promessas que ficaram por cumprir, como a ciclovia da Almirante Reis, “que era para tirar no dia a seguir, mas agora espera-se por um estudo” que ainda não está pronto, além da fábrica de unicórnios no Beato, a redução de 50% nos tarifários da EMEL para residentes, entre outras.

Salientou ainda que existem compromissos firmados que já vêm de trás e que têm de ser prosseguidos, como o plano geral de drenagem, que prossegue há seis anos, e as Jornadas Mundiais da Juventude.

Os orçamentos municipais devem ser apresentados anualmente até 31 de outubro.