Se este verão foi complicado no aeroporto de Lisboa, o próximo verão vai ser também “desafiante” e deverá trazer novas rupturas no serviço, admitiu a presidente executiva da TAP, que apontou para o atraso das obras de melhoria na infraestrutura.

ChristineOurmières-Widener admitiu que estava “menos otimista” que o presidente não executivo da ANA.  José Luís Arnaut revelou a expetativa de que no próximo ano se verifique já uma melhoria das condições de operação no aeroporto Humberto Delgado. Ainda que as obras de melhoria que a empresa aguarda autorização para fazer, demorem três anos a ficar concluídas.

Presidente da ANA diz que “ministro Leão” foi força de bloqueio que atrasou obras de melhoria na Portela

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Os dois gestores falaram esta terça-feira à tarde num painel da VI Cimeira do Turismo Português dedicado à mobilidade, mas onde o processo do novo aeroporto de Lisboa foi o tema forte, que aliás já tinha marcado tos trabalhos da manhã.

A gestora da TAP admitiu que em 2023 pode haver melhorias, face a um 2022 muito complicado em vários aeroportos europeus, marcado por milhares de voos cancelados e que em Portugal teve ainda perturbações do lado do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras. Mas vai ser ainda um ano de “grande desafio” ao nível de disrupções que podem vir do aeroporto de Lisboa ou de outros. Isto porque, frisou Christine Widener, a “infraestrutura não muda num ano” e porque a TAP está “numa fase crítica do processo de reestruturação” e que será ainda mais crítica sem o novo aeroporto. A transportadora espera retomar o nível de tráfego que tinha antes da pandemia no próximo ano.

A TAP, garantiu a gestora, vai estar mais bem preparada para gerir essas disrupções que afetaram a operação da companhia. Só em agosto foram cancelados 15o voos e a presidente da empresa não afastou o cenários de mais perturbações, dada a falta de capacidade de vários serviços nos aeroportos europeus.

De acordo com José Luís Arnaut as obras de melhoria das condições de operação na Portela vão demorar cerca de três anos porque têm de ser faseadas, de forma a evitar mais impactos negativos nas operações das companhias e no serviço aos passageiros.

Maior concorrente de Lisboa? A “maior ameaça está aqui ao lado”

Sobre a opção para o novo aeroporto, Christine Ourmières-Widener defende a necessidade de uma solução com boa conetividade com outros aeroportos, dada a aposta do modelo em hub a partir de Lisboa. E reconhece que os aeroportos espanhóis são o maior concorrente do aeroporto de Lisboa porque é quem está mais perto, mas também porque a TAP é o maior operador de voos entre a Europa e o Brasil e a Espanha aposta forte nas ligações à América Latina. A maior “ameaça está aqui ao lado. O aeroporto de Madrid é uma máquina muito eficaz”.